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Crítica: a viagem surrealista (e por vezes assustadora) de Melanie Martinez com o “K-12”

Quando Melanie Martinez anunciou que tinha planos de transformar seu segundo álbum de estúdio em um filme, achei que seria uma empreitada quase impossível. Uma gravadora apostar suas fichas (e seu dinheiro) em um longa é algo para poucas Beyoncés, mas a menina conseguiu. Quatro anos após o lançamento de sua estreia, Melanie lança o filme "K-12" (de graça no YouTube!).



O conceito artístico de Melanie gira em torno de Cry Baby, que foi apresentada através dos 13 clipes retirados do seu álbum de estreia. Em "K-12", a garota vai até a escola, onde encontrará dificuldades em um meio absolutamente repressor. Caso você não tenha assistido aos clipes anteriores, a história do "K-12" se transcorrerá sem grandes problemas - porém é claro, ter a bagagem da história da personagem só acrescentará.

"K-12" é um musical, com todas as treze músicas do álbum de mesmo nome inseridas dentro da narrativa. Desde o primeiro quadro, o que há de mais forte da produção é vigente: seu visual. O universo criado por Melanie - que dirige e roteiriza o filme - é expandido ao máximo imageticamente. Tudo extremamente colorido, com babados e lacinhos, o mundo de Cry Baby é uma mistura perfeita de Wes Anderson com "Desventuras em Série" (2017-19). Há uma clara preocupação na construção de todas as cenas e suas locações faraônicas, figurinos exagerados e até perucas cada vez mais insanas, tudo primordial para fomentar a atmosfera do longa, uma fantasia com ares vitorianos e barrocos. 


A K-12, escola de Cry Baby, é um sistema refletor bem exagerado - e crível - da nossa própria realidade: controlada por um tirado diretor, os alunos são oprimidos das mais bizarras formas. Essa história conhecemos de perto. Inclusive a faixa que fala diretamente com o diretor é um hino contra diversos líderes políticos mundiais, ascendidos pela crista do conservadorismo - os Trumps e Bolson*ros da vida. E como esperado, a protagonista é a voz da resistência: "Você não sabe a dor que está causando /  Sim, suas ações machucam, assim como suas palavras / Quanto mais você tenta nos ferrar / Mais estaremos lá gritando na sua porta".

Aliás, as músicas são elementos fundamentais na narrativa; elas não estão ali só para animar uma cena. As letras são partes integrais do roteiro, e você precisa estar atento à elas para poder entender o que está rolando, afinal, a maior parte do texto é cantado. Quando o filme se distancia das músicas, sua força é empalecida - fica evidente que o processo de criação começou pelas músicas, para depois o roteiro surgir e conectar tudo.

E isto é uma faca de dois gumes: enquanto potencializa o que há de melhor ali - porque, querendo ou não, Melanie é uma cantora, não uma cineasta -, também mostra as fraquezas do seu lado puramente cinematográfico. Há momentos que a história não alcança grandes passos apenas pelo seu roteiro, precisando das músicas para poder sair do lugar - além de sequências que subutilizam as canções, como o caso de "Recess". Contudo, quando o trabalho ao redor das músicas acertam, são fenomenais - a sequência de "Orange Juice" é belíssima.


É curioso ver como o público consumidor de Melanie tem uma enorme parcela de adolescentes (e até crianças), o que é assustador: sua arte, definitivamente, não é destinada para plateias tão novas. Em 15 minutos de filme já tinha rolado maconha, cocaína e bunda de fora. Todavia, concomitantemente, a artista está ciente de que precisa ser porta-voz de temas necessários dentro do contexto em que habita, e o "K-12" é deveras feminista. Até a divindade suprema do filme não é o Deus convencional, e sim Lilith, a primeira mulher de Adão que se rebelou contra a submissão (e interpretada por uma mulher negra).

Melanie declama (e canta) sobre diversas inseguranças de tantas garotas: seus corpos, bombardeados de pressões para um modelo perfeito ("Eles querem uma bunda grande em um jeans novo / Essa não é a vida para mim / Eu não quero parecer com a merda de uma Barbie", ela afirma em "Lunchbox Friends"); a cultura do estupro, que objetifica e ainda culpabiliza a figura da mulher ("Os garotos agem como se nunca tivesse visto pele antes / Tenho que ir para casa me trocar porque minha saia é muito curta / A culpa é minha, eu coloquei cobertura por cima / E agora os garotos querem provar desse bolo", em "Strawberry Shortcake"); e o tabu (ultrapassadíssimo) da menstruação. Destaco a cena em que Cry Baby (literalmente) troca de olhos com uma amiga, para que ela se veja com olhos menos condenatórios. Sororidade em seu estado bruto.

Dentro dessas temáticas, tudo é bem didático, quase expositivo, o que é importante para deixar claras suas mensagens de empoderamento e auto-aceitação, até porque o mote colegial é pra lá de batido quando visto de maneira objetiva. Quando os temas são mais complexos, Melanie decide trabalhar por meio de metáforas e ilustrações, como em "Teacher's Pet", que entra em algo bem obscuro: a pedofilia. A letra e a sequência visual podem causar náuseas quando temos um professor seduzindo uma de suas alunas: "Você tem mulher e filhos, você os vê todo dia / Se eu sou tão especial, por que sou um segredo? / Você se arrepende das coisas que nós fizemos que eu nunca vou esquecer?".


A variedade de temas é tão grande dentro do filme que, inevitavelmente, um ou outro não iria receber o tratamento necessário. "K-12" aborda gênero, transexualidade, racismo, bullying, distúrbios alimentares, desvalorização da arte, etc etc etc. E, sejamos sinceros, Melanie não é uma roteirista, falando em termos técnicos. Ela é, sim, uma exímia contadora de histórias, que consegue transformar um álbum em uma grande peça para ser apreciada em sequência, no entanto, ela não possui um background de linguagem, e isso fica gritante em vários momentos. Há arcos que são abertos e abandonados; outros que encontram desfecho, mas insatisfatoriamente; e alguns que nem sentido fazem.

É importante termos em mente que o filme só pode ser levado a sério até certo ponto - ele é uma fantasia, no fim das contas, então se permite burlar a lógica. Assim como em "Desventuras em Série", tudo é bastante whimsical, lúdico e por vezes macabro, e a mistura surrealista funciona. Cry Baby e suas amigas são basicamente X-Men, possuindo poderes sobrenaturais que as farão sobreviver àquela tortura - e só me recordava de "Inferno no Colégio Interno", o quinto livro da saga literária "Desventuras". Felizmente, os efeitos visuais dão conta de nos transpor até o universo que, assim como em "Peles" (2015), é enganosamente colorido - há muita sujeira escondida em cada canto da K-12.

Para alguém sem embasamento teórico de linguagem cinematográfica (e feito de forma quase independente), Melanie Martinez realiza um competente filme. Se o roteiro por vezes falha - e as atuações, majoritariamente feita por não-profissionais, não sustentam como deveriam -, o "K-12" compensa em composições imagéticas fantásticas e músicas teatrais e socialmente engajadas - chegam até a soarem misantropas. Aqui temos um estilo - visual e musical - que pode não ser tão saboroso em todos os paladares, porém, Melanie demonstra seu poder em autenticidade, relevância e olhar crítico, qualidades que todo artista busca, mas que nem sempre conseguem.

Acusada de estupro por antiga amiga, Melanie Martinez responde: “Ela nunca disse não”

Até o final do ano, não sobrará ninguém.

Melanie Martinez foi acusada de estupro por sua antiga amiga e também cantora Timothy Heller, através de um relato publicado no Twitter.

No texto, Timothy conta em detalhes a forma como sua amizade com a cantora de “Pity Party” era abusiva e baseada em dependências e relata um episódio em que Melanie teria a forçado à usar drogas, além de tê-la abusado sexualmente.

“Eu mantive isso em segredo por anos”, conta Timothy em sua carta aberta. “Convencendo a mim mesma de que não era nada demais, de que isso não havia me machucado. Aceitar que minha melhor amiga me estuprou é insano. Até mesmo digitar esse texto não parece real para mim.”

Eu nunca disse ‘sim’,” continua em outro trecho da carta. “Eu disse ‘não’, repetidamente, mas ela usou seu poder sobre mim e me quebrou. Então não existe qualquer confusão, eu fui molestada por minha melhor amiga. Eu continuei lá deitada, em choque, de uma maneira completamente não recíproca.

Na mesma rede social, Melanie Martinez se pronunciou sobre o caso e, para a tristeza de seus fãs, deu a entender que os episódios narrados por Timothy não são falsos, apenas negando que tenha feito qualquer coisa contra sua vontade.

“Eu estou triste e horrorizada pelas declarações e histórias contadas por Timothy Heller”, disse Melanie. “Nós duas sofremos para lidar com demônios individuais e os caminhos que estávamos trilhando, mas realmente sentia que estávamos uma levantando a outra. Ela nunca disse não para o que escolhemos fazer juntas e, apesar de termos nos separado, desejo amor e luz para ela sempre”, concluiu.


Pelas redes sociais, os fãs de Melanie Martinez estão bastante divididos, mas muitos têm lamentado vê-la numa história como essa, principalmente por saber que abuso é um tema frequente em suas próprias canções.

Lollapalooza | Os 10 discos que você precisa ouvir antes do festival

Lollapalooza é aquele festival em que você ama certas atrações, mas também chega disposto a conhecer e se apaixonar por inúmeras outras, né? É por isso que o evento, principalmente em suas últimas edições, tem se dividido entre nomes foderosamente conhecidos e outros nem tanto – o que é uma das suas coisas mais legais, convenhamos – e, se você for daqueles que ainda não teve tempo para se aprofundar sobre os artistas que virão, esse post é perfeito pra você.

Para que você não fique perdido no Lolla e consiga até arriscar uns versos de algumas músicas, preparamos uma lista com os 10 discos que você PRECISA escutar antes do festival. Tem pra todos os gostos: rock, pop, R&B, alternativo... Você vai chegar no Autódromo de Interlagos sabendo um pouquinho de quase tudo e, quem sabe, sairá de lá sabendo cantar todas as canções de trás pra frente. Vai que, né?

Confira nossa lista (que não está em ordem de importância, pois amamos todos esses artistas <3) abaixo:

1. "Starboy", The Weeknd

Muitos bons artistas vão passar por essa edição do Lollapalooza, mas o que estamos mais animados para assistir é o The Weeknd. O canadense lançou no ano passado seu terceiro disco, "Starboy", que veio com a missão de ser tão bom quanto seu antecessor, "Beauty Behind The Madness", e ele não só conseguiu como se superou. No novo álbum, Abel mistura seu clássico R&B alternativo com batidas eletrônicas e sintetizadores no maior estilo anos 80, nos entregando um trabalho maduro, consistente e que não deixa ninguém ficar parado.


2. "I See You", The xx

O terceiro álbum do The xx, lançado no começo de 2017, é o mais diverso entre os do grupo e o mais pop também. Entre tantas influências buscadas para esse novo material, a maior foi no "In Colour", disco solo do Jamie xx, produtor da banda. Por isso, o "I See You" diversas vezes incorpora esse projeto e mescla de tudo um pouco, como indie rock, eletrônico e vários sintetizadores, com o característico indie pop da banda e os vocais limpos e dramáticos de seus vocalistas, fazendo com que o The xx não perca sua identidade, apenas nos de a chance de amá-los em outras formas e ritmos.


3. "Lady Wood", Tove Lo

O poder feminino da edição fica por conta de Tove Lo, que vai fazer um show com foco maior nas músicas do seu novo CD. O "Lady Wood" usa de batidas alternativas e eletrônicas para falar sobre sexualidade feminina e libertação e traz a cantora sem medo de falar o que pensa, expor suas inseguranças e abrir seu coração. Pop sueco da melhor qualidade.


4. "I Like It When You Sleep, For You Are So Beautiful Yet So Unaware Of It", The 1975

Antes conhecidos por ser uma banda mais alternativa e de certa forma sombria, o The 1975 está cada vez mais pop e sem medo de ser feliz. O segundo álbum da banda inglesa, "I Like It When You Sleep" (não, não vamos falar o nome todo de novo!), é a mistura perfeita de synthpop com riffles de guitarra e a teatralidade e dramaticidade que só eles sabem imprimir em suas letras e clipes. Que eles fiquem no pop por um bom tempo!



5. "Cry Baby", Melanie Martinez

Se você gosta de música pop com conceito por trás, então a Melanie Martinez é pra você. Saída do The Voice americano, a rainha do conceitinho infantil usa do mundo de casas de bonecas e carrosséis como metáfora para falar de relacionamentos amorosos, amigos, família, padrões de beleza e muito mais, em meio a um indie pop viciante, no seu primeiro disco, "Cry Baby". No final, de infantil, Melanie e suas letras não têm nada.



6. "Gameshow", Two Door Cinema Club

A capa do álbum, com suas luzes neon, já entrega: vai ser dançante, sim! "Gameshow", terceiro álbum do Two Door Cinema Club que foi lançado no ano passado, continua no estilo rock alternativo que os irlandeses já estão acostumados, mas flerta bastante com o pop eletrônico, o funk e até o disco, soando eletrizante desde a primeira ouvida. E se o CD já é divertido assim, imagina o show?


7. "No Mythologies To Follow", MØ

A dinamarquesa MØ pode ser mais conhecida do grande público por suas mais recentes parcerias de sucesso, como "Lean On" e "Cold Water", ambas do Major Lazer, mas a gente te garante que ela é MUITO mais do que isso. Com seu álbum de estreia, o "No Mythologies To Follow", MØ se apresenta pra gente de forma original, misturando R&B contemporâneo com trip-hop e indie pop e nos entregando aquele som que a gente não sabia que precisava até escutar pela primeira vez.


8. "Duas Cidades", BaianaSystem

Rock, reggae, axé, música eletrônica... O segundo disco do BaianaSystem, "Duas Cidades", traz um pouco disso tudo com uma pitada de política para discutirmos o momento atual do Brasil. Representantes do nosso país nesse Lollapalooza, os caras do Baiana fazem um som diferente, misturando a "guitarra baiana" com o "system sound" (e daí o nome) e adicionando conceitos audiovisuais ao seu trabalho, retratando problemas cotidianos tanto em suas letras quanto em seus vídeos. Música boa com crítica social foda? Tá tendo e é do Brasil!


9. "Love You To Death", Tegan And Sara

Inteiramente produzido pelo Greg Kurstin, vencedor do Grammy de Produtor do Ano de 2016 e responsável por hits como "Stronger", da Kelly Clarkson, e "Chandelier", da Sia, o oitavo álbum da dupla Tegan and Sara, "Love You To Death" é, assim como o envolvimento de Greg sugere, cheio de músicas pop muito viciantes. As irmãs, que começaram com um som mais alternativo e indie rock, se jogaram de cabeça em um synthpop com cara de anos 80 nesse novo disco e nós não poderíamos ser mais gratos por isso. Meninas, por favor, nunca abandonem os sintetizadores!


10. "Skin", Flume

Vencedor do Grammy de Melhor Álbum Dance de 2016, Flume vem ao Lollapalooza como headliner de um dos palcos do festival e, depois de ouvir o disco "Skin", você vai entender o porquê. Passando pelo R&B contemporâneo com muitas batidas eletrônicas e uma house music diferenciada, o Flume é tudo que o The Chainsmokers quer ser, mas nunca será, fazendo um trabalho alternativo mas, ao mesmo tempo, muito pop, que tem como missão fazer todo mundo sair do chão e que, depois de duas ou três músicas, consegue esse feito com muita facilidade.



***

Pode vir, Lolla, que o nosso corpo está mais do que pronto! Se você ainda não comprou seu ingresso para escutar esses hinários ao vivo, corre que a ainda dá tempo! É só clicar aqui e depois escutar de novo e de novo todos esses álbuns para aprender as letras direitinho.

Clipes de Anitta, Ludmilla, Charli XCX e Melanie Martinez são lançados na Vevo

Após anos de negociação, a parceria da plataforma de videoclipes Vevo com a gravadora Warner Music finalmente saiu do papel.


A gente esperava que demorasse um pouco até que a parceria entre a Vevo e a Warner Music surtisse efeito no Brasil, mas, na noite da dessa segunda-feira (08), começaram a surgir os primeiros videoclipes de artistas da gravadora na plataforma de clipes online.

Sendo algo recente, o mais provável é que essa transição aconteça aos poucos, mas, nessa primeira leva de vídeos, é possível perceber que começaram pelos vídeos mais famosos de seus principais artistas, sendo alguns dos exemplos “Bang” e “Show das Poderosas”, da Anitta, “Hoje”, da Ludmilla, e “Break The Rules”, da Charli XCX.



Como ainda não houve um anúncio oficial quanto aos artistas que já entraram para a plataforma, os fãs podem acessar o site oficial da Vevo e buscar por seus ídolos na barra de busca superior. Alguns dos outros nomes que encontramos foram Birdy, Bruno Mars, Coldplay, Jason Derulo, Melanie Martinez e David Guetta.

Nessa parceria, nada mudará quanto aos clipes desses artistas no Youtube, uma vez que eles permanecerão com seus canais e estatísticas intactos, de forma que a grande mudança fica para a plataforma da Vevo, que somará todos esses materiais ao seu catálogo, disponível pelo site e aplicativo. Numa maneira de diferenciá-los, os clipes dos artistas Warner contam com uma marca d’água da gravadora, que já é exibida nos clipes mencionados acima. 

Surpresa! Melanie Martinez aposta no karaokê infantil no clipe de “Alphabet Boy”

Foi de surpresa que, nesta quinta-feira (02), a cantora Melanie Martinez lançou o aguardado clipe da música “Alphabet Boy”, uma das nossas favoritas no seu disco de estreia, “Cry Baby”.

Entrevistamos a Melanie Martinez
Crítica: a fábula explícita de Melanie Martinez e o disco “Cry Baby”

Seguindo a mesma estética dos clipes anteriores, o novo vídeo da americana mantém os elementos infantis que integraram a identidade visual dessa era, enquanto a produção leva o conceito alfabético a sério, tornando-o um karaokê em que ela nos ensina a cantar seu single novo.

melanie martinez alphabet boy

Tudo isso, é claro, com muita interpretação dela que parece nunca sair da personagem. O que é um elogio, caso fique na dúvida.

Silêncio que a Melanie quer cantar! Aprenda a cantar “Alphabet Boy”:

Aparentemente, Melanie Martinez e seus fãs estão acusando a Miley Cyrus por copiá-la no clipe de “BB Talk”

É bem difícil pegar o nome da Miley Cyrus sem que ela esteja associado a alguma polêmica e, com o lançamento do seu clipe novo, “BB Talk”, na noite da última sexta-feira (11), não poderia ter sido diferente, só que por um motivo um tanto inusitado.

Como a gente te mostrou aqui, no novo vídeo da cantora, com o álbum experimental “Miley and Her Dead Petz”, Miley Cyrus encarna uma bebê chorona e, ao lado de seus dançarinos, aparece vestida como bebê e rodeada por elementos que remetem à infância, como mamadeiras, chupetas, fraldas, entre outras coisas, e a adoção desse conceito pareceu incomodar uma outra cantora.



Melanie Martinez é uma das maiores revelações do ano e, caso você não saiba, dona de um ótimo disco, chamado “Cry Baby”. A menina, que nesse ano despontou com sucessos como “Carousel” e “Pity Party”, sendo a primeira até trilha sonora da série “American Horror Story”, é uma das melhores amigas da irmã mais nova de Miley, Noah Cyrus, e se sentiu pessoalmente atacada ao ver a hitmaker de “Karen Don’t Be Sad” usar elementos infantis em seu clipe, justamente como ela faz dentro do conceito do seu disco de estreia.

Pelo Twitter, Martinez publicou uma indireta, afirmando que tinham “mamadeiras de sobra por aí”, e antes que os fãs fossem julgados por uma possível má interpretação, a cantora curtiu uma publicação de outro usuário, que foi bem mais direto, afirmando que “Miley Cyrus copiou Melanie em seu novo clipe e isso é tão irritante”.

Confira as publicações:

Daí em diante, a cantora passou a receber várias mensagens de fãs de Miley, incomodados com a situação, e, vamos lá, não é pra menos, né? 

A gente adora a Melanie Martinez, assim como seu disco de estreia, “Cry Baby”, e entrevistamos a menina há alguns dias, durante sua passagem pelo Brasil, mas ter utilizado esse paralelo dos problemas adultos com elementos infantis no conceito do seu álbum de estreia não dá a ela os direitos sobre o uso de fraldas, chupetas e mamadeiras em videoclipes, até por todos esses serem elementos mais comuns do que podemos imaginar.

É claro que, no fim das contas, ela tem algum fundamento quanto às críticas, uma vez que continua promovendo seu álbum e, em algum momento, pode apostar numa proposta semelhante e, consequentemente, ser comparada com a cantora mais famosa, mas parem com essa “Taylor Swifitização” da arte, aí foi uma questão de timing e não cópia. 



A parte mais legal é que a vida é bastante irônica e, num daqueles episódios tragicamente cômicos, Melanie Martinez foi uma das primeiras artistas a elogiarem o novo álbum da Miley, afirmando que a música “BB Talk” era o seu vício do momento, hahahah. Parece que o jogo virou.
E Melanie, precisa mesmo chorar? No nosso coração, tem lugar pra todo mundo!

Entrevistamos a Melanie Martinez, que falou sobre o futuro de “Cry Baby”, seu próximo clipe, parcerias dos sonhos e histeria dos fãs

Melanie Martinez é a cantora mais fofa do mundo! A menina, que foi uma das finalistas do “The Voice” americano, veio ao Brasil no mês passado, com uma série de shows que promovem seu álbum de estreia, “Cry Baby”, e a convite da gravadora dela no Brasil, Warner Music, a gente marcou presença no show e, horas antes, aproveitamos pra bater um papo com a moça.


Visto que seu disco de estreia já está perto de ter seus trabalhos encerrados, nossa conversa foi centrada no futuro de sua carreira, indo do fim da personagem “Cry Baby” às prováveis colaborações de Melanie. A cantora também respondeu sobre a euforia dos fãs brasileiros, que até rendeu uma situação desconfortável durante seu show no Rio de Janeiro.

Confira a entrevista completa logo abaixo:

It Pop: “Cry Baby” é o nome do seu álbum de estreia e também da personagem que protagoniza suas canções, a gente quer saber se você já idealizou um fim para a Cry Baby ou se pretende mantê-la em seus próximos projetos?

Melanie: Esse CD é sobre a história de Cry Baby, sua vida familiar, o que ela passa e tudo mais, e, para o próximo álbum, eu quero meio que estar na perspectiva dela, mas sem falar de sua vida, necessariamente. Quero falar sobre ela contando a história de outras pessoas, como se numa cidade estranha, sabe? Então, basicamente, todos os álbuns estarão conectados, de certa forma. Quando eu tiver 60 anos e olhar pra trás para ver os álbuns que eu fiz, quero que eles contem uma história contínua ou que se pareçam com um livro ou filme.


It Pop: Podemos dizer que sua música passeia entre o pop e o alternativo, quais são suas maiores influências? E tem algum artista da atualidade que você amaria colaborar?

Melanie: Eu gostaria de trabalhar com muitos artistas, eu nem consigo pensar em ninguém especificamente, mas, honestamente, minhas colaborações dos sonhos não seriam colaborações musicais, mas com Mark Ryden, que é um artista visual, e eu amo o Tim Burton, que é um diretor incrível. Eu amaria fazer um filme com Tim Burton sobre a história que meus álbuns contam. Então acho que essas seriam minhas “colaborações dos sonhos”.

It Pop: A maioria dos realities como o The Voice tentam “moldar” os artistas pra que eles fiquem mais apropriados para as paradas, mas, desde o começo do programa, você veio com personalidade, um trabalho consistente e um estilo próprio. Você já planejava os passos que deu dentro da competição? Acha que teria sido muito diferente caso tivesse ganhado o programa?

Melanie: Isso é interessante, porque eu olho para aquela experiência como se fosse um aprendizado. Obviamente que tiveram muitos problemas, eu me sentindo desconfortável no programa, por ter de cantar músicas de outras pessoas, enquanto eu queria cantar as minhas músicas, já que eu componho, então foi complicado para mim, especialmente depois do programa, conseguir mostrar para as pessoas que eu não canto covers, eu escrevo músicas. Em alguns shows, as pessoas gritavam “canta ‘Toxic’” e eu ficava “eu não quero cantar ‘Toxic’”. Eu não vou fazer isso. Eu tenho minhas músicas, você pode ouvi-las, ou você pode ir embora, sabe? Eu tenho que mostrar que é isso que eu quero fazer e eu acredito que quando você mostra isso pra pessoas e faz isso por um tempo, elas acabam entendendo. Em programas como o The Voice, as pessoas focam no fato de os outros conseguirem cantar muito bem, mas não sabem quem aquelas pessoas são como artistas. E é difícil descobrir isso depois do show, então foi nisso que eu me foquei; escrever minhas próprias músicas e descobrir qual história eu queria contar.


It Pop: Quais são seus objetivos para os passos seguintes da sua carreira? Esperava ter ido tão longe apenas com seu disco de estreia?

Melanie: Não, eu não costumo esperar nada, quando eu estou escrevendo músicas. Eu meio que estou só contando histórias, escrevendo músicas, e isso é tudo no que estou focada. Então é muito legal eu vir para o Brasil e saber que tem fãs que escutam a minha música. É incrível a quantidade de amor e suporte que eles têm me mostrado nas redes sociais, ou só o fato de eles ouvirem minhas músicas. É maluco! E eu amo isso! Meus objetivos são de continuar fazendo música, continuar contando uma história, e de dirigir videoclipes para mim, como fazer vídeos para todas as músicas do “Cry Baby” e álbuns futuros.

It Pop: Os fãs brasileiros são muito receptivos, eufóricos e intensos quando o assunto são shows de seus ídolos, mas você já reclamou no Twitter sobre o comportamento de alguns fãs. Será que essa animação nossa não vai causar uma má impressão em você?

Melanie: Interessante... É complicado dizer como você se sente numa rede social. Por exemplo, eu posso postar uma coisa e as pessoas olharão para aquilo de milhões de formas diferentes. Um exemplo foi quando escrevi sobre não gostar das pessoas gritando coisas pra mim enquanto me apresento. Aí as pessoas me falaram, “ah, mas você está indo para o Brasil, onde os fãs são muito barulhentos”. Não é sobre serem barulhentos, o problema é quando eu quero falar alguma coisa e, bem, sou só eu, falando baixinho, tentando conversar com eles, cantar minhas músicas e aí há pessoas gritando coisas tipo “senta na minha cara!”, sabe? É inapropriado e complicado pra mim numa performance. Eu adoro quando as pessoas cantam junto, é a melhor coisa, adoro ouvir a voz das pessoas, é incrível! Eu faço música pra que as pessoas se conectem com ela. Então é óbvio que eu não vou me estressar com eles por cantarem suas músicas favoritas, é sobre me tratarem como não me tratarem como um ser humano, porque eu sou um ser humano.


It Pop: A gente questionou aos seus fãs pelo Facebook, se tinha algo em especial que eles gostariam que perguntássemos e muitos falaram sobre qual será seu próximo videoclipe com esse álbum. Pode nos adiantar isso?

Melanie: Eu ainda estou pensando sobre isso. Eu sei qual vai ser a próxima música que vai ganhar um videoclipe, mas não vou dizer qual é. Só posso dizer que é o começo da história. Só isso que eu vou dizer, apesar de já ter entregado qual é. Mas eu ainda tenho que escrever a história do vídeo, resolver como vou fazer isso.

It Pop: E ainda falando sobre seus próximos passos, já tem alguma ideia de quando começará a escrever músicas novas? (Ela não entendeu a pergunta e terminou nos contando quando ela começou a compor músicas, tadinha, hahah!)

Melanie: Eu comecei a escrever minhas músicas quando eu tinha 14 anos e, quando eu sai do The Voice, comecei a escrever com mais mentalidade, com esse personagem e tudo isso. Então foi mais depois do The Voice. 

It Pop: Por fim, se pudesse ter um superpoder, qual seria, Melanie?

Melanie: Provavelmente ser invisível. Mas só algumas vezes. Eu acho que seria legal.

***

O álbum de estreia da Melanie, “Cry Baby”, estreou em agosto desse ano e, como falamos em nossa resenha, desenvolve uma sonoridade que vai do pop ao trip-hop, se assemelhando aos trabalhos de nomes como Lorde e Marina and The Diamonds. Um dos maiores sucessos do CD no Brasil foi a canção “Pity Party”, em que ela canta sobre uma festa que não teve a presença dos seus convidados:


Aproveitando o espaço, um obrigado especial ao pessoal da Warner Music Brasil pela oportunidade e ao fã-site Melanie Martinez Brasil pelo auxílio durante a entrevista. <3

Album Review: a fábula explícita de Melanie Martinez com seu 'Cry Baby' é feita com muito açúcar e veneno

"A garota mais triste ela tinha que ser. Lágrimas salgadas rolam pelas suas bochechas. Seu coração é maior que seu corpo. O nome dela é Cry Baby". Assim começa Melanie Martinez no encarte do seu álbum de estreia, "Cry Baby". O conceito de garota melancólica é há tempos usada na arte, e a música não foge disso, com Lana Del Rey sendo a rainha desse grande bloco do Queria Estar Morta, porém a abordagem de Melanie é bem diferente.

Enquanto Lana usa da imagem de femme fatale para criar uma áurea misteriosa e perigosa, nossa boneca se utiliza de artefatos infantis. Começando pelo alter ego, a Cry Baby, uma personagem psicologicamente destruída que acaba destruindo tudo a sua volta, mesmo por baixo de muitos babados cor de rosa. Esse paradoxo do mundo infantil com as letras do material formam um todo bastante complexo e que merece ser ouvido com cuidado. 

O álbum é aberto pela faixa-título, "Cry Baby", que logo de cara possui choros e risadas de bebês reais fundidos ao instrumental. A canção é a apresentação da personagem que será seguida por nós a partir de agora. Logo no primeiro verso já somos introduzidos à personalidade da Cry Baby: "Você parece que trocou seu cérebro com seu coração. Você leva as coisas a sério demais, e por isso desmorona. Você tenta se explicar, mas antes de começar essas lágrimas de bebê saem no escuro".

Notamos logo que a personagem é uma pessoa extremamente emocional, mas que possui personalidade forte acima de tudo quando Melanie canta "Eles te chamam de bebê chorão, mas você está pouco se f*dendo". A prova de que a Cry Baby se confunde com a própria intérprete vem nos versos "Eu olho para você e vejo eu mesma. Eu te conheço melhor do que ninguém. Eu tenho a mesma torneira nos meus olhos, então suas lágrimas são minhas. Eles me chama de bebê chorão". Segundo Melanie, a personagem foi criada baseada em situações vividas por ela própria (o que assustará com o decorrer do álbum).

Na próxima canção, "Dollhouse", single extraído do "Doullhouse EP", conhecemos então a família da personagem. Numa metáfora com uma casa de bonecas, a cantora nos convida para adentrarmos pelos corredores da residência, e vemos coisas nada agradáveis. "Você não me ouve quando eu digo 'Mãe, por favor, acorde, papai está com uma puta e seu filho está fumando maconha'. Ninguém nunca escuta. Não deixe eles verem o que se passa na cozinha". A situação fica ainda mais crítica quando ela é obrigada a posar ao lado dos parentes como uma falsa família perfeita:  "Sorria para a foto, pose com o seu irmão, você não vai ser uma boa irmã? Todo mundo pensa que nós somos perfeitos. Por favor, não deixe eles olharem através das cortinas". No final ainda fala "Eu vejo coisas que ninguém mais vê".


Continuamos o tour pela casa e vamos conhecemos mais dos seus segredos. Em "Sippy Cup" a Cry Baby revela um forte motivo para a desestruturação familiar: seu irmão, ainda bebê, morreu: "Ele continua morto quando você termina de tomar a garrafa. Claro que é um cadáver que você mantém no berço. Crianças continuam deprimidas mesmo que bem vestidas e xarope continua sendo xarope dentro de uma mamadeira". Entre barulhos de copos sendo enchidos, ela discorre a rotina da mãe, que vai desde uma alienação midiática ("Se eles lhe oferecerem uma nova pílula, então você vai comprar"), até um descaso com a própria saúde ("Você coloca pesos nos bolsos quando visita o médico") e, uma das frases mais compartilhadas do álbum, "Toda a maquiagem do mundo não vai te deixar menos insegura".



Saindo dos problemas familiar, Cry Baby começa a contar seus próprios dilemas internos. Em "Carousel" (que foi música-tema de "American Horror Story: Freaky Show" - para se ter ideia do nível), a personagem conta como teve seu coração quebrado por um falso amor. "Correndo atrás de você é como um conto de fadas, mas eu sinto que estou colada firmemente nesse carrossel. Por que você roubou meu coração de algodão doce? Você o jogou nesse maldito buraco de moedas e agora estou presa. Cavalgando, cavalgando, cavalgando...". A faixa, cheia de sons de circo, é menor comparada às outras do álbum, mas prepara o terreno para a continuação do amor enfermo da Cry Baby na próxima canção.

Em primeiro lugar é importante frisar que "Alphabet Boy" é uma das melhores faixas de todo o álbum. A simbologia aqui é com aqueles bloquinhos de brinquedo com o alfabeto. O dono? O ex amado da Cry Baby. O garoto, letrado, adora jogar sua verborragia em cima da nossa pobre protagonista, que cansou da bagunça e decide jogar tudo de volta:  "Eu sei os meus A-B-C's e ainda assim você continua me ensinando. Eu digo 'FODA-SE O SEU DIPLOMA, GAROTO ALFABETO'". Numa perfeita composição feita com aliteração (perceba que os quatro primeiros versos foram compostos com as quatro primeiras letras do alfabeto) que nada pelos sininhos de ninar até a superioridade intelectual, "Alphabeat Boy" é o hino do "chega!". Melhor frase de toda a (genial) letra: "Se você exibir esse diploma e eu matar você, não fique surpreso". Gritos.

Aí que em "Soap" a Cry Baby notou que deixou a torneira aberta e falou coisas que não devia, mesmo estando farta de aguentar tudo calada: "Estou cansada de andar cuidadosamente na ponta dos pés tentando manter a água quente. Eu falei tanto que transbordou. Por que eu sempre derramo?". O que resta então? Como toda criança malcriada, lavar a boca com sabão. Enquanto a ponte é uma melodia crescente que nos carrega sem sabermos exatamente aonde vamos, o refrão é um trap absurdamente incrível feito com o barulho de bolhas (!!11!1!11!). Pois é, a ponte nos jogou dentro da banheira. A produção de "Soap" é tão genialmente óbvia que é impossível não deixá-la no repeat por um tempo só para ouvirmos mais uma vez o refrão com efeitos sonoros de bolhas. Gente?!



"Training Wheels" é o mais próximo de uma balada que o álbum chegará. Produzida sob toques de brinquedos infantis e barulhos de rodas, Cry Baby está amando novamente, e dessa vez parece que é pra valer. "Eu amo tudo o que faz, quando você me chama de burra pra caralho pelas merdas que eu faço. Eu quero pedalar em minha bicicleta com você, completamente despida e sem rodinhas de trás. Eu vou tirá-las para você". A canção, tão fofa que dá azia, trata exatamente da entrega do relacionamento, e como abdicamos de coisas em prol da relação, o que inevitavelmente nos deixa vulneráveis - como a Cry Baby andando na bicicleta sem as rodinhas de apoio.

Chega então o aniversário da personagem, que, toda feliz, decora a casa inteira com laços em tons de pastel em "Pity Party". Só que ninguém aparece - nem o menino que a fez tirar as rodinhas.  "Meus convites desapareceram? Por que eu coloquei meu coração em cada letra cursiva? Me diga porquê diabos ninguém está aqui. Talvez seja uma piada cruel para mim". Usando de forma certeira um sample da composição do clássico "It's My Party" de Lesley Gore ("É minha festa e eu choro se quiser"), lançada em 1963, a festa dos sonhos se torna um pesadelo nesse legítimo hino pop que é "A" melhor faixa do "Cry Baby". Mesmo sendo algo devastador para a personagem, que destrói o recinto num ataque de raiva, é mais doce que o bolo de aniversário assistirmos a toda essa loucura pop que deve em nada aos melhores exemplares do gênero vindo das grandes divas.



Cry Baby revoltada sai para dar uma volta e encontra o homem do sorvete. Ela não está muito interessada em provar nada doce depois de sua amarga festa, mas o homem continua a segui-la em "Tag, You're It". "Me observando através da sua janela, seus olhos pularam para fora um pouco. 'Eu vou te cortar e fazer pra você um jantar'. Abaixando sua janela matizada e dirigindo perto de mim bem devagar ele disse: 'Deixe-me te levar para um passeio. Eu tenho um pouco de doce para você aqui dentro'". A faixa, com sons de carro do sorvete, é uma assustadora canção sobre abuso e pedofilia (note como ela coloca vocais modificados na hora que canta as falas do seu lobo mal, para criar a imagem de medo que ele transmite). A produção com cheiro de açúcar deixa tudo estranho quando ela canta de forma quase transtornada no final "Correndo pelo estacionamento ele me perseguiu e não queria parar. Agarrou minha mão, me puxou para baixo, pegou as palavras direto da minha boca". Pesada.

Presa pelo homem do sorvete é hora de Cry Baby se vingar. Usando toda sua delicadeza, ela conquista a confiança do lobo mal em "Milk And Cookies" e vira o jogo ao conseguir envenená-lo: "Silêncio, queridinho, beba seu leite estragado. Eu sou louca para caralho. Você gosta dos meus biscoitos? Eles foram feitos só para você. Um pouco de açúcar, mas muito veneno também". O desconforto continua enquanto Melanie canta cheia de doçura como matou o cara, em versos líricos e cheios de toxina.  "Preciso colocar você na cama. Cantar para você uma canção de ninar onde você morre no final". O refrão é nada menos que avassalador, principalmente quando caímos no instrumental com Melanie apenas ninando o agora morto homem do sorvete.

Como uma clássica figura feminina destruída que retorna por meio da vingança, Cry Baby sai das garras do lobo mal pronta pra mais um abate. "Pacify Her" conta como ela rouba o namorado de uma garota que ela odeia. A matança continua com "Garoto cansado anda pelo meu caminho segurando a mão de uma garota. Aquela vadia básica finalmente vai embora, agora eu posso tomar o homem dela. Alguém me disse para ficar longe de coisas que não são suas, mas como ele era seu se ele me queria tanto?". Quando ela consegue o que quer, a garota saqueada chora até irritar a Cry Baby, que pede pro cara acalmá-la. É tudo tão absurdinho, dos suaves toques até a letra onde a protagonista desiste do amor e se transforma numa destruidora de lares, que funciona.

Cry Baby agora está no topo do mundo, completamente dona de si própria e amando cada vez mais o caos. "Mrs. Potato Head"  é uma análise crítica sobre o mundo das cirurgias plásticas e a busca pela beleza e perfeição, representados pelo brinquedo Cabeça de Batata (aquele onde podíamos montar o rosto dele inteiro). "Oh, Senhora Cabeça de Batata, me diga: é verdade que a dor é bonita? Um novo rosto vem com garantia? Um rosto bonito vai tornar isso melhor? Oh, Senhor Cabeça de Batata, me diga: como você pagou a cirurgia dela? Você promete que vai ficar para sempre mesmo que o rosto dela não fique junto?". Aqui Melanie traça um processo de "adultização" da infância, com crianças cada vez mais cedo se preocupando com estética e deixando de ser o que realmente são: crianças. A canção é belíssima, possui uma das melhores letras do álbum e tem um refrão glorioso.



Então Cry Baby chega ao fim da sua saga e aceita seu eu interior da forma que é em "Mad Hatter". Caindo na toca do coelho e parando no País das Maravilhas, Cry Baby é uma Alice mais consciente por abraçar sua loucura ao invés de questioná-la. "Os normais, eles me fazem sentir medo. Os malucos, eles me fazem sentir sã. Sou doida, querido, sou maluca. Você acha que sou psicopata, você acha que estou acabada. Diga ao psiquiatra que algo está errado. Te digo um segredo, não estou assustada. E daí se sou louca? As melhores pessoas são". Com uma pegada mais forte, flertando com o hip-hop, o álbum encerra-se com um tom elevado, bem diferente do que poderíamos prever. Cry Baby enfim encontrou a paz interior (através do caos exterior).

***

RESUMINDO: Vários comentários e críticas caíram em cima do "Cry Baby" por ele "repetir temas", ou "fazer músicas similares". Melanie, antes de tudo, criou um conceito. Ao invés de utilizá-lo de forma acessória, como a gigantesca maioria dos álbuns fazem, ela manteve o eixo central firme para costurar ao redor dele. Quantos álbuns que você conhece fizeram isso? Ao invés de usar a faixa-título para hastear da bandeira, com as outras unindo-se sem grandes eixos, o "Cry Baby" possui TODAS as canções interligadas, contando uma história com início, meio e fim. Os temas se repetem, claro, mas isso é o desenvolvimento do próprio conceito. É só notar com as canções suplantam umas às outras e como suas abordagens interferem diretamente no andar da carruagem. "Pity Party" e "Milk And Cookies" são as duas faixas que controlam as mudanças da personagem, e passear por um álbum onde suas músicas não são apenas enfeite é apoteótico.

"Cry Baby" é uma evocação pop brilhante por todos os elementos, e estamos falando de uma artista com apenas 20 anos de idade. Mas, acima de tudo, trata-se de um álbum perigoso. Os temas nele tratados são macabros - assédio, morte, violência, auto-destruição, pedofilia, insanidade -, e tudo feito dentro duma embalagem atraente, colorida, doce e infantil. A linha entre abordar e fazer apologia e/ou banalização é tênue, porém, o "Cry Baby" não é um álbum infantil e em hipótese alguma destinado para esse público. Como o selo de "Conteúdo explícito" já avisa, é um álbum para adultos.

Nos colocando em posição privilegiada, Melanie Martinez conseguiu tanto nos encantar por sua doçura e proeza nas composições como nos deixar estarrecidos pelo peso de seus versos. Como um paradoxo perfeito e raro dentro do cenário pop, o "Cry Baby" é um híbrido de açúcar e veneno que não conseguimos deixar de consumir. Direto nas nossas veias.

Melanie Martinez teve sua bolsa roubada após show nos EUA e desabafa sobre assédio dos fãs: ‘eu odeio essa era da internet’

Tadinha da Melanie Martinez, gente! A cantora de “Pity Party”, que desembarca no Brasil para dois shows em breve, se apresentou no último sábado (29) nos EUA, em Atlanta, em mais um show da sua Cry Baby Tour, mas contou com uma infelicidade que não estava planejada: roubaram sua bolsa!

Na tentativa de contar com o apoio dos fãs para encontrar o objeto pessoal, Melanie usou então suas redes sociais, relatando o que aconteceu, mas teve como resposta aquela tradicional onda de fãs que imploram por sua atenção, pedindo pra serem seguidos de volta ou apenas mandando elogios que, no fim das contas, não faziam sentido nenhum com o contexto em que sua postagem se aplicava.



Segundo a cantora, sua bolsa continha objetos pessoais, coisas de seus pais, além de cartões e até mesmo seu passaporte, e ela ficou bem chateada em saber que o roubo poderia ter acontecido pelas mãos de algum fã, que teria a bolsa como um souvenir, item de colecionador, e então desabafou, bastante insatisfeita com a maneira com que as coisas vinham caminhando.

“Eu odeio essa era da internet em que vivemos”, começou em seu Tumblr. “Pois eu fui ao Twitter tentando encontrar quem pegou minha bolsa e tudo que vocês escrevem é ‘mãe’, ‘rainha’, ‘me siga’. Como isso é normal? Como pode estar tudo bem? Como vocês dormem à noite? Meu amigo deu o número dele para quem tiver alguma informação, e as pessoas ligaram rindo, perguntando se podiam falar comigo, mentindo dizendo que têm minha bolsa e irá devolve-la se eu fizer o tweet deles alcançarem 2,000 curtidas. Sério?”, continuou a cantora.

Melanie afirmou que muitos artistas temem falar sobre esse assunto, mas que ela se sentia nesse direito, visto que, como todos nós, também é humana:

“Só porque eu faço música, não significa que você tem o direito de me desumanizar. Vocês me maltratam, me julgam, me chamam de vadia se estou tendo um dia ruim, e a lista continua”, reclamou. “Eu trabalho duro por vocês, dou muito de mim para vocês, e eu vou falir para criar [vídeos] para vocês. Se lembrem que sou uma humana. Eu estava conversando com outra amiga minha que é artista e ela disse que se nós estivermos sangrando na calçada, as pessoas provavelmente irão tirar uma selfie antes de nos ajudar, é um problema. Nenhum humano deve se sentir assim. Por favor entendam que eu faço música para me expressar, e se você sabe qualquer coisa sobre mim, sabe que eu não sou nada além de honesta”, completou. 

Ao fim do desabafo, entretanto, ela não deixou de demonstrar o carinho por seus fãs, justificando que só topou o desabafo porque chegou ao seu limite: “Eu amo todos que me apoiam e apoiam a minha música, e eu aprecio isso. Mas depois de hoje não tinha como eu não falar sobre isso.”

Pacify her, gente!



Melanie Martinez foi descoberta pelo reality show americano The Voice e, após deixar o programa, começou a conquistar seus primeiros fãs pela internet. Com singles como “Dollhouse” e “Carousel”, a cantora conseguiu feitos como uma participação na trilha sonora de “American Horror Story” e, há alguns dias, estreou também seu primeiro CD, “Cry Baby”.

Ainda no começo de sua carreira, é claro que Melanie ainda terá muuuito assédio para lidar pela frente, né? E essa questão da internet e toda a necessidade que os fãs atuais têm de atenção é apenas um dos problemas, mas esperamos que ela consiga superar isso da melhor forma possível, além de encontrar sua bolsa, que no momento parece ser sua prioridade.

E, ainda que achemos importante realmente respeitar o espaço do artista que, fora isso, é uma pessoa como todas as outras (Rihanna não nos deixa mentir), achamos bastante prejudicial ter Melanie, que foi erguida pela internet, reclamando dessa era como se não dependesse dela para manter a sua carreira.

Você concorda com a opinião da cantora?

No Brasil, os shows de Melanie Martinez acontecerão nos dias 27 e 29 de novembro em São Paulo e Rio de Janeiro, respectivamente. Para mais detalhes, confira esse outro post aqui do blog.



A tradução do texto foi retirada do fã-site Melanie Martinez Brasil.

Melanie Martinez virá ao Brasil para dois shows da turnê ‘Cry Baby’ em novembro

E não é que os incessantes “come to Brazil!!1111” estão surtindo efeito? Desta vez, quem confirmou shows no Brasil foi a cantora Melanie Martinez, que tá com seu CD de estreia engatado para a semana que vem e, entre outras coisas, é conhecida por sua participação na franquia americana do The Voice, aonde apresentou versões para músicas como “Toxic”, da Britney Jean, e “Bulletproof”, da banda La Roux.

Com vinte aninhos, Melanie deixou o programa dentro do seu top 6, na edição que teve como vencedora a ex-vocalista da Hey Monday, Cassadee Pope, e pouco depois, começou a conquistar seu próprio público com singles como “Dollhouse” e “Carousel”, sendo esse último parte da trilha sonora de “American Horror Story: Freak Show”, o que deu uma erguida e tanto no nome da moça.


Neste ano, Melanie começou então a promover seu disco de estreia, chamado “Cry Baby”, e pela internet tem revelado o material homeopaticamente, atualmente com os singles “Pity Party”, “Soap” e “Sippy Cup”.

Com lançamento pela gravadora Warner, o álbum será lançado no dia 14 de agosto e, um pouco mais tarde, chegará o momento de recebermos a novata em solos tupiniquins.

Os shows anunciados por Martinez acontecerão no Carioca Club, em São Paulo, e Miranda, no Rio de Janeiro, respectivamente nos dias 27 e 29 de novembro. Pelo site Clube do Ingresso, já estão disponíveis os primeiros ingressos, pelo preço de R$150 no primeiro lote (promocional) ou R$360 para ter direito ao meet and greet!


Essa será a primeira vinda de Melanie Martinez à America Latina (dslcp, países vizinhos!) e provavelmente anula as chances dela aparecer por aqui em algum festival no ano que vem, o que, no fim das contas, nem é ruim, já que teremos ela toda para nós com essa visita da Cry Baby Tour, né? Aliás, nome de turnê mais que propício, porque o choro é livre.

Melanie Martinez se afoga em suas próprias angústias no minimalista clipe de 'Soap'!

Desde que Melanie Martinez entrou nas nossas vidas em 2012, após uma incrível participação no The Voice, não conseguimos parar de acompanhar cada lançamento da fofa. E aqui estamos em mais um deles! Na noite de hoje (10), a menina divulgou o clipe para seu novo single, a gostosíssima "Soap".

Cansada de ser a garota dos sonhos em vão, Melanie emplaca uma sequência de cenas inquietantes dentro de uma banheira, enquanto murmura os versos do refrão: "I feel it coming out my throat / Guess I better wash my mouth out with soap / God I wish I never spoke / Now I gotta wash my mouth out with soap". Confira o clipe:


"Soap" chegou às lojas virtuais na madrugada desta sexta-feira e já figura entre as mais baixadas em várias partes do mundo (inclusive na terra do Tio Sam). Só podemos desejar muito sucesso pra esse hit que mal conhecemos e já torcemos muito para que dê certo!

10 músicas para ouvir nos últimos 10 dias do ano (parte 06/10): ‘Carousel’, Melanie Martinez

Há um significado especial para a última música que você escutar no ano, porque ela encerra, de fato, todo o período que você viveu antes dessa audição e, meu Deus, pra quem é tão ligado quanto nós em música, a escolha certa faz uma diferença e tanto. Pensando nisso, decidimos refazer o especial “10 músicas para ouvir nos últimos 10 dias do ano”, seguindo os moldes do mesmo formato apresentado no ano passado e aqui estamos nós com algumas indicações.

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