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"Tomb Raider" é feito para os fãs, porém aposta em trama artificial

Filmes baseados em videogames, assim como os de super-heróis, são uma tendência em Hollywood. Nos últimos anos, percebemos essa nova febre em títulos como "Warcraft: O Primeiro Encontro de Dois Mundos" (2016) e "Assassin's Creed" (2016); ambos de qualidade bastante duvidosa. Com "Tomb Raider: A Origem" (2018), longa-metragem baseado nos jogos da popular heroína Lara Croft, o caminho prometia algo diferente: já lançado como reboot, o filme planejava uma franquia mais jovem e melhor aprofundada no material de origem, escalando uma atriz já vencedora do Oscar para o papel (e que foi a primeira com o título a aterrissar na brasileira CCXP, no final do ano passado). O resultado, no entanto, não foi tão eficiente; o filme está em um patamar próximo dos outros dois aqui já citados.



Antes de tudo, não leve a mal quanto à protagonista: Alicia Vikander, como já esperado, está maravilhosa no papel. Comprando de fato os ideais de liberdade e empoderamento que a personagem representa (e tudo aquilo que ela deve ser capaz de realizar, em termos físicos), a atriz exprime muita verdade em sua interpretação, com uma performance sólida, crível e empolgante, que também revela um preparação corporal imensa; mais um ponto para Vikander em sua carreira. Mas, se Lara Croft está bem representada em seu próprio filme, o que não funcionou?

É importante salientar que, enquanto filme de origem (como o próprio título já revela), este "Tomb Raider" preocupa-se em contar origens e motivações de sua heroína, o que realmente ocorre durante o primeiro ato do longa-metragem. Entretanto, alguns fatores tornam o storytelling artificial e desestimulante - tudo acontece rápido demais, e com um uso excessivo do fator "acaso" (as queridas "coincidências"), como encontrar uma peça-chave de trama em um momento já previsível de tão estratégico. E, se o primeiro ato é apressado, o segundo é bastante indolente quando não depende de alguma cena de ação para ser conduzido. A conclusão, por sua vez, consegue ganhar fôlego narrativo, mas já é tarde demais para um espectador impaciente.

Percebe-se que a escrita do filme utiliza alguns elementos e influências formulaicos: se a busca pelo "tesouro" não consegue fugir do "efeito Indiana Jones", a Lara Croft da vez herda trejeitos de Katniss Everdeen, carregando arco e flecha e despedindo-se com beijos nos dedos tal qual a protagonista de "Jogos Vorazes". Já para tentar construir a relação de Lara com o pai, o ricaço Richard Croft (Dominic West), que é importante para os eventos da trama, o longa-metragem usa e abusa de flashbacks. 

Talvez a decisão de contar as coisas de forma tão desgastada venha da inexperiência da equipe com grandes projetos: trata-se do primeiro roteiro de Geneva Robertson-Dworet (que atualmente assume a escrita do já hypado "Capitã Marvel") e o segundo de Alastair Siddons (o primeiro foi o suspense "Não Ultrapasse", de 2016). Quanto ao diretor Roar Uthaug, que já trabalhara anteriormente com filmes de alto apelo ao CGI, este é o primeiro realizado por um grande estúdio de Hollywood.

Se o roteiro é um ponto fraco, o filme deve acertar em cheio para os fãs de games, pois é complexo visualmente e faz uso competente dos efeitos visuais em suas (aqui, necessárias) cenas de ação. Realmente há uma similaridade à atmosfera frenética, violenta e, por vezes, deslumbrante, que é característica de jogos e simuladores. 

"Tom Raider: A Origem", ao prometer mais do que consegue cumprir, é outro blockbuster cheio de fan services e divisor de públicos, sendo um produto que pode ser bastante divertido ao espectador com baixas expectativas ou ao amante do gênero. Ainda assim, ele é tão esperançoso em maquiar suas falhas que já termina levantando mais promessas para seus incertos próximos capítulos, visto que deseja engatar uma nova franquia. Se acontecer, é bom cruzar os dedos para que um futuro filme faça jus ao talento de Vikander e ao legado da personagem, pois (infelizmente) esse apenas tenta.

Último dia da CCXP 2017 teve Alicia Vikander e Will Smith cantando música de “Um Maluco no Pedaço”

Imagem cedida pela CCXP. Foto por Daniel Deák - Galpão de Imagens.

Igualmente incrível aos dias anteriores, o quarto e último dia da CCXP 2017 encerrou o evento, que se consolidou como a maior Comic Con do mundo, com chave de ouro.

Para dar aquele quentinho no coração de todos os que cresceram lendo os gibis da Turma da Mônica, comecemos pelo painel da Maurício de Sousa Produções. Lá foram divulgadas as primeiras imagens do elenco de “Turma da Mônica: Laços”, o primeiro filme live-action da turminha, caracterizado e gente, a fofura é real. Além disso, foram anunciadas três novas HQs – “Astronauta IV” e “Cebolinha”, por Gustavo Borges, e “Horácio”, por Fábio Coala – e uma série animada do Astronauta.

Por mais que o painel da Maurício de Sousa Produções tenha sido puro amor com um toque de nostalgia, não podemos negar que tiveram painéis com um apelo muito maior, como os da Warner e Netflix. O primeiro não foi nem um pouco simplório e trouxe ninguém mais do que a ganhadora do Oscar Alicia Vikander, enquanto o segundo também não ficou por baixo e trouxe a lenda Will Smith. Mas first things first: o painel da Warner começou com “Jogador nº 1”, novo longa de Steven Spielberg, e, para falar sobre o filme, o evento contou com a presença de Tye Sheridan (protagonista) e Simon Pegg. Rolou também a exibição do primeiro trailer, que já está disponível.

Dwayne “The Rock” Johnson deu as caras num vídeo sobre “Rampage” e foi anunciado também, através de um outro clipe, duas novidades para 2018: “It: A Coisa 2” e “A Freira”. Além destes, outro vídeo que rolou foi o de “Animais Fantásticos: Os Crimes de Grindelwald”, com um vídeo de Eddie Redmayne – além de uma imagem oficial que já havia sido divulgada anteriormente.

Agora, rufemos os tambores para a realeza do cinema: Alicia Vikander vem por aí.A protagonista de “Tomb Raider: a Origem” foi o grande destaque do painel da Warner e contou bastante sobre as cenas de ação do filme. Vikander ficou emocionada com o carinho do público, que a aplaudiu de pé. A ganhadora do Oscar disse, surpreendentemente, que pela primeira vez realmente se sentiu como uma estrela. Ao final do painel a fada sueca ainda posou para fotos com cosplayers vestidos com figurinos inspirados no filme.

Após esse momento de êxtase, o painel foi concluído com uma mensagem gravada de Jason Momoa sobre “Aquaman” e os logos atualizados dos próximos lançamentos da DC: “Aquaman”, “Shazam!”, “Mulher-Maravilha 2”, “Esquadrão Suicida 2”, “Liga da Justiça Sombria”, “The Batman”, “Tropa dos Lanternas Verdes”, “Flashpoint" e “Batgirl”.

"...I'll tell you how I became the prince of a town called Bel Air". Reconhecem este trecho de música? Quem a canta esteve no último painel da CCXP 2017 e, ainda, deu uma palhinha para os fãs e relembrou a canção do seriado "Um Maluco no Pedaço". Sim, Will Smith compareceu à ocasião para divulgar "Bright", no painel da Netflix, ao lado de Joel Edgerton e do diretor David Ayer. O trio se mostrou bem animado para falar sobre o longa e Smith até já "pediu' por uma continuação. Tanto Smith quanto Edgerton ressaltaram, também, o quão rígido Ayer (que já havia trabalhado com Smith em "Esquadrão Suicida") é no set – até brincaram dizendo que, assim, sentiam medo de verdade.

Tudo que é bom dura pouco e a CCXP 2017 não poderia ser diferente. Mesmo depois de tanta correria por parte do Salvani e Tintel, que estiveram presencialmente no São Paulo Expo fazendo esta cobertura especial, só nos resta dizer: sim, foi épico. E que venha a CCXP 2018!

Caralho, a gente tá muito arqueóloga! O trailer do novo "Tomb Raider" aposta no melhor da Lara Croft dos games

Num mundo onde cada vez mais se cobra uma necessária representatividade feminina, negra ou LGBT em grande produções hollywoodianas, não é surpresa ver que "Tomb Raider" finalmente ganhará uma nova produção na sétima arte, trazendo consigo uma das personagens mais iconicamente fodas dos videogames.

A personagem é conhecida pelos gamers desde 1996, apresentada com seus peitos geométricos e muita habilidade com armas. Sexualizada desde então, Lara Croft chegou para as massas apenas em 2001, com a primeira adaptação cinematográfica que traz Angelina Jolie na pele da personagem. Devida a grande semelhança entre ambas, Jolie eternizou a figura e para muitos a arqueóloga ainda é aquele ser quase utópico.

Após inúmeras pequenas reformulações em sua origem, em 2013 a franquia de jogos foi finalmente rebootada, apostando em um lado muito mais humanizado e frágil da personagem, buscando trazer algo crível para o público — uma moça de shortinho derrotando dinossauros na floresta nunca mais! Além de apostar em uma personalidade um tanto quanto ordinária, Lara foi posta em situações que, de fato, contribuíam para a construção de seu aspecto badass.

O novo filme, protagonizado pela oscarizada Alicia Vikander ("Ex-Machina"), corre neste mesmo sentindo, ou quase isso. Pelo que pouco que vimos com o incrível primeiro trailer do filme, a produção vai apostar todas as fichas em uma origem mais "pé no chão", assim como a personalidade da personagem. Entretanto, já no primeiro vídeo promocional, encontra-se facilmente elementos dos jogos pré-reboot, como um lado badass sobre-humano.



Fica muito claro que a Warner e MGM querem trazer o melhor de Lara Croft para o cinema, porém isto pode ser um enorme problema para o longa-metragem. Unir as "duas personalidades" pode promover cenas que não conversam entre si, afetando por completo o desenvolvimento da personagem.

Apesar da ousadia, em Alicia Vikander nós confiamos, e se o filme for ruim, a gente finge, né? "Tomb Raider" chega aos cinemas em março de 2018.

O primeiro trailer de "Tomb Raider", com Alicia Vikander, já tem data para sair!

O longa-metragem produzido pela MGM ficou engavetado um tempão e só ganhou forças após o reboot dentro da própria franquia de jogos que aconteceu em 2013. O recomeço da franquia apostou em uma Lara Croft muito mais humana, com um background pesadíssimo e bem longe ser a badass que conhecíamos. Com o novo filme não seria diferente.

A oscarizada Alicia Vikander foi a escolhida para dar vida à personagem no filme, e apesar da recepção um tanto quanto negativa do público em geral, acostumado com a imagem que Angelina Jolie ajudou a eternizar, nós apostamos na escolha quase desde o começo, e tivemos certeza quanto a isso quando surgiram as primeiras imagens da atriz na pele da personagem. É praticamente a mesma coisa, bicho.

A produção chega aos cinemas logo mais no primeiro semestre de 2018, e diferente de certos estúdios que esqueceram de divulgar seus filmes — oi, Fox, cadê o trailer de "A Cura Mortal"? —, a MGM e Warner vão começar a divulgação do provável hino. Alicia Vikander, em entrevista ao Otawa Sun, contou que o trailer da produção surgiria em breve. E o vídeo promocional está mais próximo do que imaginamos. Segundo o site  Trailer-track, o trailer sai junto com a estreia de "Blade Runner 2049", previsto para o dia 6 de outubro.

Aqui no Brasil ainda não é certo que o trailer seja exibido junto, porém é esperado que o vídeo seja liberado já nesta mesma semana na rede mundial de computadores.

"Tomb Raider" vai pegar alguns elementos do jogo lançado em 2013 que reiniciou a franquia no mundo dos games. O único grande elemento do jogo de 2013 que deve ser de fato sugado é a personalidade de Lara Croft, que se tornou crível, menos bad-ass e mais amorzinho. A produção chega aos cinemas no dia 16 de março de 2018.

Crítica: a discussão sobre transexualidade em "A Garota Dinamarquesa" é tão bem intencionada quanto rasa

Tom Hooper é um verdadeiro caçador de Oscar. Vencedor do careca dourado de “Melhor Diretor” pelo questionável e esquecível “O Discurso do Rei” (2010), Hooper, naquele ano, viu seu filme levar ainda “Melhor Ator”, “Melhor Roteiro Original” e “Melhor Filme”, num ano abarrotado de obras muito mais interessantes e inesquecíveis (“Cisne Negro”, “A Rede Social”, “Toy Story 3”...). É a Academia se curvando para a forma de bolo.

E o que é a forma de bolo do Oscar? Segue a receita: um punhado de roteiro geralmente didático, um litro de grande atuação do protagonista, duas colheres de fotografia sóbria (se for dourada, melhor ainda), trilha sonora cheia de pianos e violinos à vontade e uma grande pitada de história de superação. Voilá! Eis o filme feitinho para o prêmio. E um filme que se enquadra nessa forma é automaticamente ruim? Claro que não. E querer se encaixar aqui para ganhar prêmios? Também não.

Às vezes, a Academia consegue surpreender e premiar algum filme que fuja da receita, como “Birdman” (2014) na edição de 2015, mas se couber na forma, pelo menos uma indicaçãozinha terá. Prova? Pegando nos últimos 10 anos: "O Curioso Caso de Benjamin Button" (2007), "O Leitor" (2007), "Um Sonho Possível" (2008), "Cavalo de Guerra" (2010), "Lincoln" (2011), "12 Anos de Escravidão" (2012), "O Jogo da Imitação" (2013), "Brooklyn" (2014)...

Infelizmente (para o diretor), seu último filme, apesar de ter todos os itens listados, voltou para casa quase sem prêmios. “A Garota Dinamarquesa” se baseia na história de Lili Elbe, uma pintora que, nos anos 30, foi uma das primeiras transexuais a se submeter à cirurgia de redesignação sexual. Lili é interpretada por Eddie Redmayne, recentemente vencedor do Oscar de “Melhor Ator” ao interpretar Stephen Hawking em “A Teoria de Tudo” (2014). Com o prêmio em mãos, contestável com o passar do tempo, os holofotes se viraram para o ator, o que gerou um grande movimento contra sua escalação. Por que não escalar uma atriz trans para o papel?


Uma das primeiras justificativas foi “Na década de 30, as trans não passavam por reposição hormonal, por isso tinham traços ‘masculinos’”, o que é um argumento bem nulo. O próprio diretor, durante o Festival de Veneza, comentou que escolheu Redmayne porque ele possui traços femininos, o que desarma completamente a lógica anterior. A questão aqui não são os “traços”, e sim a representatividade.

Pense rápido: quantos atores/atrizes trans você já viu atuando no cinema? Caso consiga pensam em algum(ns), compare com o número de artistas cis. A diferença é esmagadora, certo? Mesmo, de uma forma ou de outra, colocar em pauta a transexualidade, “A Garota Dinamarquesa” é um filme sobre trans sem nenhuma trans. Seria, numa comparação hiperbólica, como se “Selma: Uma Luta Pela Igualdade”, filme sobre Martin Luther King, não possuísse atores negros.

Certo, a arte de atuar possui beleza quando vemos atores se despindo de todas suas características e encarnando personagens cada vez mais desafiadores e fora da sua realidade. Foi assim como Felicity Huffman em “Transamérica” (2005) e Jared Leto em “Clube de Compras Dallas” (2013) – esse levando o Oscar pela atuação –, ambos pessoas cis interpretando personagens trans. E realmente não houve toda a discussão que houve durante a divulgação de “A Garota Dinamarquesa” no lançamento dos citados, mas isso inviabiliza as atuais discussões? Não, só mostra que as pessoas estão cada vez mais preocupadas com a questão da representação, o que é maravilhoso. Também não precisamos condenar qualquer um dos citados por não trazem atrizes trans em seus papéis, eles não estão cometendo crimes a serem repudiados, porém, a discussão deve ser levantada para que, um dia, nós nem precisemos dessa discussão.


Todavia, ao contrário de Huffman e Leto, que orquestraram atuações brilhantes, Redmayne copia e cola sem piedade os trejeitos e expressões que usou em “A Teoria de Tudo”, o que soa completamente equivocado e ainda mais sem peso para sua escolha. Em diversos momentos parece que é Stephen Hawking ali na tela – há uma cena numa cadeira de rodas e é exatamente a mesma composição de personagem. A carga dramática do roteiro e os violinos chorosos da trilha são o que sustentam o melodrama, pois o ator claramente é um homem tentando a toda força parecer uma mulher, ao invés de ser a mulher que Lili sempre foi. Durante toda a projeção, parece que a obra se preocupa mais em mostrar a transformação do ator do que de fato com a representação e discussão da transexualidade no cinema.

A caracterização do personagem, feita por “““imitação dos jeitos femininos””” (coragem) é ofuscada por Alicia Vikander, que interpreta Gerda, esposa do então Einar. A atriz sueca, que vem despontando recentemente e brilhou em “Ex Machina: Instinto Artificial”, rouba toda a cena e é o pilar central do longa, o que torna o mesmo uma obra torta: como o filme é sobre a Lili e é Gerda que toma os holofotes? Esse efeito acontece porque o roteiro pontua mais o relacionamento dos dois do que de fato a questão transexual da protagonista – outra vez remetendo “A Teoria de Tudo”, onde os acontecimentos se passam na visão da esposa. Vikander, por fim, levou o Oscar de “Melhor Atriz Coadjuvante” pelo papel, o único, e controverso, prêmio do filme. Vikander é protagonista, porém a produtora do longa decidiu submetê-la ao prêmio de “Coadjuvante” para que suas chances de vitória fossem maiores. E foram.


E até mesmo o desenvolvimento de uma esposa descobrindo que seu marido é na verdade uma mulher não alcança voos tão altos como em “Laurence Anyways” (2012) do Xavier Dolan, que trata com muita mais profundida a mesma discussão – um roteiro oscariável não poderia se dar ao luxo de se alongar como Dolan fez em seu filme de 3h. Mas nem isso é justificativa. O longa “Tangerina” (2015) possui apenas 88 minutos e consegue construir um filme sólido e reflexivo sobre a realidade da pessoa trans – isso sem falar que as protagonistas são atrizes trans. “A Garota Dinamarquesa” é raso em todos os aspectos narrativos, tendo pouco impacto no florescer do próprio tema.

E o que dizer de um filme chamado “A Garota Dinamarquesa” falado em inglês? Imaginemos um longa chamado “A Garota Brasileira” filmado na Argentina e falado em espanhol. Seria completamente estranho, não? Pois é. Lili viveu na Dinamarca e, para completar suas cirurgias, se mudou para a Alemanha, porém o longa é um típico filme inglês, o que joga por terra a nacionalidade e cultura da própria história. Esquecemos completamente da Dinamarca com a narrativa, que pontua raras vezes que estamos no país, e não no Reino Unido.


É certo que colocar o longa em inglês faz com que a obra tenha uma abrangência maior, afinal, o eixo Estados Unidos-Inglaterra é o que há de mais poderoso no cinema em termos de alcance – só perceber a quantidade de filmes estrangeiros são mutilados em remakes em inglês – o que, no fim das contas, é mais uma “boa intenção” da produção, que deseja levar a mensagem sobre a transexualidade (ainda que rasa) para o maior número de pessoas. Mas ainda assim é um embaçamento na cultura original da história.

São vários os motivos que sepultaram o desejo de Tom Hooper em conseguir arrematar alguma estatueta com o filme (a única vencida foi para a estante de Vinkander), e, ao que parece, seu estilo feito para prêmios está passando batido perto de tantos filmes que ousam sair do lugar-comum – mesmo “A Garota Dinamarquesa” sendo “bem intencionado”. E, no final do dia, é bem melhor produzir uma obra que tenha relevância na arte e no público do que uma estatueta na estante – algo que “A Garota Dinamarquesa” não chegou perto.

Crítica: "Ex Machina: Instinto Artificial" usa o metal de um robô para questionar a nossa própria carne

Filmes que discutem a relação homem com a máquina são nada novos. Só voltarmos 90 anos, para 1927, e vermos a obra-prima “Metrópolis” do alemão Fritz Lang, onde retrata a revolução trabalhista a partir do caos instaurado por uma robô. A concepção futurista que mistura o sangue com o ferro é algo idealizado pelo homem há tempos, e até hoje, nosso lustrado e utópico futuro, filmes com o tema rendem bastante.

Em 2014 o filme “Ela”, de Spike Jonze, arrebatou corações pelo romance do homem com a máquina, levando a questionamentos profundos e inteligentes sobre amor, necessidade e solidão, tanto que rendeu o mais que merecido Oscar de “Melhor Roteiro Original” para Jonze. Outro filme que explora esse relacionamento sangue/plástico é “Ex Machina: Instinto Artificial” (2015), a estreia de Alex Garland no cinema como diretor. Vindouro do Reino Unido, o longa conta a história de Nathan Bateman (Oscar Isaac), um excêntrico CEO de uma empresa que convida o programador Caleb Smith (Domhnall Gleeson) para realizar o Teste de Turing numa robô humanoide dotada de inteligência artificial chamada Ava (Alicia Vikander).


O Teste de Turing, introduzido por Alan Turing em 1950 e que abre o clássico “Blade Runner – O Caçador de Androides” (1982), testa a capacidade de uma máquina exibir comportamento inteligente equivalente a um ser humano, ou indistinguível deste. Caleb aceita realizar o teste em Ava, feito a partir de conversas e perguntas, mas ele se vê íntimo demais da robô, algo que pode ser perigoso.

Como já dá para notar, o filme gira em torno de Ava, mesmo Caleb sendo o protagonista. E é nela que habita a mágica do filme. Alicia Vikander, vencedora do Oscar de “Melhor Atriz Coadjuvante” por “A Garota Dinamarquesa” (2015), venceu pelo filme errado: é em “Ex Machina” que ela brilha. A sueca compõe uma atuação delicada e no ponto para a robô, de forma que não fique tão humana nem tão mecânica, dando o aspecto ideal para que, mesmo sendo mostrado na tela uma criatura não humana, consigamos nos afeiçoar com algo feito de parafuso e borracha. Os efeitos visuais em cima da atriz são fenomenais e super-realistas, completando a construção visual da personagem, finalizada pelos efeitos sonoros discretos da máquina. Enche os olhos percorrer seu corpo translúcido e rígido e desbravar os mistérios feitos pelos CGI – que rendeu o surpreendente Oscar de “Melhores Efeitos Visuais” ao longa.


Já os cientistas, Caleb e Nathan, são personagens com composições menores ao caírem em clichês facilmente evitáveis. Enquanto Caleb é o jovem promissor abobalhado e temeroso, Nathan é o playboy rico, bem sucedido, cheio da pinta descolada e maneira (cof cof Tony Stark cof). Ao submeter os personagens em caixinhas tão óbvias, o filme perde força em construções que poderiam ser mais elaboradas, deixando Ava roubar a cena – efeito que só melhora a composição dessa.

Como todo bom sci-fi, “Ex Machina” usa de forma bem inteligente vários dilemas humanos sobre sociedade e relacionamentos, que passam por machismo, sexualidade e idealismo feminino. Notem: Ava é um robô construído por um homem. Ela, assim como todas as outras robôs feitas por Nathan, são construídas em moldes femininos magros e curvilíneos, o padrão estético hegemônico. É só olhar para o pôster com a carcaça da robô: seios firmes, cintura fina, quadris largos. Isso mostra a idealização e objetivação do corpo feminino, principalmente por ter sido feita por mãos masculinas – algo similar no recente "A Vigilante do Amanhã: Ghost In The Shell".


E tais mãos masculinas de Nathan são a representação da supremacia do homem na nossa sociedade. O cientista vai construindo várias robôs – todas femininas – e descartando-as com o passar do tempo e o aprimoramento da sua técnica, cada vez avançando mais de uma perfeição histriônica, numa alusão à indústria opressora que busca encaixar e objetificar as mulheres em formas que prezem o prazer do homem. As robôs são fantoches e objetos do seu mestre, tão qual o machismo nosso de cada dia tenta adestrar as mulheres humanas. Porém, mesmo com a composição lugar-comum de Nathan, o personagem é dotado de dualidades e profundidades dignas de serem dissecadas. Um dos diálogos mais interessantes do filme é:

- Caleb: Você programou [Ava] para dar em cima de mim?

- Natan: Se eu tiver feito, seria trapaça?

- Caleb: Não seria?

- Nathan: Caleb, qual seu tipo de garota? Digamos que sejam garotas negras. Por que esse é seu tipo? Porquê você fez uma análise detalhada de todos os tipos raciais e você cruzou as referências dessa análise com um sistema de bases? Não! Você simplesmente é atraído por garotas negras. Uma consequência de estímulos externos acumulados que você provavelmente nem sequer notou.

- Caleb: Você a programou para gostar de mim ou não?     

- Nathan: Eu a programei para ser heterossexual, da mesma forma que você é programado para ser heterossexual.

- Caleb: Ninguém é programado para ser hétero.

- Nathan: Você escolheu ser hétero? Por favor! Claro que você foi programado, pela natureza.

As noções da sexualidade humana ainda são misteriosas e causam bastante dúvidas e ignorâncias na cabeça das pessoas, mas, usando a noção de criação robótica de Ava, Nathan consegue explicar de forma básica o conceito de sexualidade, algo instintivo e que reside numa profundidade que nós não podemos ter acesso. Não somos literalmente programados para ser o que somos, mas somos o resultado da explosão de diversas variáreis da natureza que, combinadas, transformaram o caos em nossa ordem. É uma metáfora que pode soar pequena, no entanto carrega material bélico poderosíssimo.

O título do filme é derivado da expressão em latim “Deus Ex-Machina”, que significa “um deus vindo da máquina”. A frase foi originada nas tragédias gregas, com um ator interpretando deus, que desce no cenário numa plataforma (a máquina) para resolver os problemas dos personagens e gerando um final feliz. No longa, o deus vindo da máquina é Nathan, que em certo momento se auto declara a divindade por conseguir gerar “vida”, mesmo que de forma artificial – o nome da robô, uma alusão à Eva, a primeira mulher criada por Deus, é auto-explicativo. Só que Ava deixa de ser mera máquina que conduz deus para tomar as rédeas de seu próprio destino, interferindo no curso sacro do seu criador.


Além da riqueza de conteúdo, tecnicamente a fita também esbanja competência. Além dos já citados efeitos visuais de Ava, a fotografia e direção de arte conseguem transmitir o tom perfeito para o filme. Enquanto o exterior da casa de Nathan é carregado de luz e muito verde, o interior é escuro, com luzes artificiais, corredores com superfícies refletoras e muito vidro, além de roupas em tons brancos e cinzas nos personagens, moldando a noção tecnológica e futurista da caverna da robô, como se estivéssemos dentro duma nave fora da Terra.

Ao contrário das abordagens tradicionais, “Ex Machina: Instinto Artificial” não traz um apoio à inteligência artificial ou retrata um apocalipse/distopia tecnológica, mas sim uma versão mais palpável e próxima de como seria nossas vidas em meio a criaturas como Ava. De forma bem pessimista, a exploração sombria do filme mostra que o “fazer pensar” faria com que o robô tentasse conseguir sua liberdade das garras humanas. Ava começa a tomar ciência do seu próprio corpo e o usa para conseguir o que quer, algo que, para nós humanos, pode ser considerado “errado”. Mas para ela, era simplesmente a fome de sua autonomia. Como diz o próprio slogan do filme, há nada mais humano do que a vontade de sobreviver. E essa ciência adquirida pela robô é tão grande que não sabemos se era de fato os cientistas que a testavam ou se os testes eram realizados por ela.


Mesmo contendo sua carga dramática cada vez mais forte quando Ava vai tomando conta da situação, a riqueza de “Ex Machina” está nas discussões existenciais e éticas provocadas, e todas elas caem em cima dos próprios seres humanos. Deveríamos mesmo criar algo tão parecido conosco? Se criarmos, temos o direito de destruí-lo? Até onde podemos avançar no relacionamento com essa criatura? Aliás, podemos chamar de “relacionamento”? Nathan fala “No futuro, nós seremos destruídos pela inteligência artificial”, então é sábio se dedicar a algo que pode superar o próprio criador? Mas se for para ser inferior, o que diminuiria os riscos de rebelião, por que criá-lo?

Outro ponto intrínseco com nossa realidade é a abordagem dada pelo filme sobre o império dos dados. Na era digital, empresas como o Google controlam bilhões de correntes com informações sobre todos nós que estamos conectados nesse momento, e como isso pode ser usado contra nós a qualquer momento. Não de forma cinematográfica como Ava, a união de infinitos dados coletados por Nathan, mas com algo mais realístico e tão perigoso quanto. Ou será que a realidade de Ava está tão distante assim de nós?

Pode parecer confuso, mas o que “2001: Uma Odisseia no Espaço” (1968), um dos maiores filmes de ficção científica da história e grande inspiração de “Ex Machina: Instinto Artificial” nos ensinou, foi que não são as respostas que movem o mundo. São as perguntas. Para entender a carne, o Cinema mais uma vez recorre ao metal.

Saíram as primeiras imagens de Alicia Vikander como a Lara Croft em "Tomb Raider" e está fiel pra caramba!


"Tomb Raider" marcou (e ainda marca!) gerações com seus inúmeros jogos, totalizando 11 principais, e o protagonismo feminino de Lara Croft que, inclusive, recentemente sofreu uma mudança drástica física e psicologicamente, tornando-se muito mais crível e próxima ao público feminino, só contribuiu para o sucesso da franquia. No cinema, tivemos dois filmes protagonizados pela maravilhosa Angelina Jolie em 2001 e 2003, e depois de muitos rumores, finalmente ganharemos um reboot.

Indo contra o favoritismo de certas atrizes, quem vai dar vida à Lara neste novo filme é a oscarizada Alicia Vikander. A moça ficou conhecida internacionalmente pelos seus papéis em "Ex-Machina" e "A Garota Dinamarquesa".

As filmagens da produção começaram em janeiro, e devido às diversas gravações externas, o visual da Alicia vazou semanas depois, e foi só agora que a MGM e a Warner resolveram soltar fotos oficias, pra gente poder enxergar melhor os detalhes e tá lindo pra caramba! Visualmente, pelo menos, teremos algo bem fiel, viu? Vai ter arco, sim. ♥


QUE HINO! As gravações seguem a todo vapor, e "Tomb Raider" está previsto para chegar aos cinemas em 16 de março de 2018.

MGM escolhe a nova Lara Croft do cinema e ela não é Daisy Ridley :(


Poxa, MGM! :(

Muito tem se falado sobre a escolha da nova Lara Croft dos cinemas. A gente teve uma chuva de rumores, declarações e detalhes sobre a personagem que nos levavam a certas atrizes. Dentre o rumor mais famoso e quase certo, é o de que dava Daisy Ridley como certa no papel principal, e até a moça de "O Despertar da Força" já tinha dito que conversas haviam acontecido, mas longe de receber um convite oficial da MGM, produtora do longa-metragem.

Infelizmente, tais conversas não devem ter ido para frente, e se foram, a guria pode ter pedido uma quantia gordinha para interpretar Lara, sendo logo descartada por este motivo. Assim, vamos ter que nos contentar com a atriz anunciada hoje para o papel, Alicia Vikander.


Parecemos revoltados com a escolha, mas não estamos. É sério. Só um pouquinho tristes em ver que o papel não foi para Ridley. Sabe por que a gente não vai xingar muito no Twitter? Porque esse meme é velho demais e Vikander é foda, mas foda pra caralho. Não estamos exagerando.

Você provavelmente nunca deve ter ouvido o nome da suíça se você só acompanha blockbusters, mas em seu leque ela apresenta filmes premiadíssimos e filmes que deram grandes prêmios à própria. A moça tem um fucking Oscar de Melhor Atriz Coadjuvante por "A Garota Dinamarquesa" e ficou conhecida também pelo sci-fi "Ex-Machina", em que ela interpreta a androide Ava. Resumindo, podem confiar na moça. 

Com roteiro pronto, diretor e protagonista definidos, é questão de tempo para que novos nomes sejam adicionados ao elenco e a gravação comesse! Lembrando: o novo longa ainda está sem previsão de lançamento, mas deve chegar às salas de cinema por volta de 2017.

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