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Sem headliners femininas, The Town recebeu não de Beyoncé, Taylor Swift, Lady Gaga e Rihanna

Em setembro acontece em São Paulo a primeira edição do The Town, festival idealizado pelo mesmo criador do Rock in Rio, Roberto Medina, que prometeu trazer para a capital paulista a mesma estrutura de sucesso de um dos maiores festivais musicais do mundo.

Realizado durante os dias 02, 03, 07, 09 e 10 de setembro no mesmo local que o Lollapalooza, no Autódromo de Interlagos, o festival foi alvo de críticas pela ausência de headliners femininas entre suas atrações, que incluem nomes como Bruno Mars, Post Malone, Foo Fighters e Maroon 5, mas parece que, inicialmente, os planos de Medina para o evento eram diferentes.

Em uma conversa com o portal Tracklist, o criador do The Town revelou que, atendendo aos pedidos do público, buscou por atrações femininas para compor a escalação principal do evento e, entre os nomes sondados, tentaram contato com Beyoncé, Lady Gaga, Rihanna e Taylor Swift, e todas teriam recusado por indisponibilidade de agenda.

Atualmente em turnê com o álbum “Renaissance”, Beyoncé é um dos nomes mais aguardados para vir ao Brasil entre esse ano e o próximo, sendo frequentemente protagonista de especulações sobre uma possível passagem por estádios brasileiros; Taylor Swift tem passagem confirmada pelo país ainda este ano com a “The Eras Tour”, que compila os hits de todos os seus álbuns numa setlist repleta de fanservices; já Rihanna e Lady Gaga, não têm quaisquer indícios de que virão tão cedo ao Brasil. Gaga, inclusive, começará em outubro deste ano mais uma temporada da sua residência de jazz em Las Vegas, impossibilitando que faça viagens em turnê para outros países.

Apesar da ausência de mulheres entre suas atrações principais, há vários destaques femininos no line-up do The Town, dos mais diferentes gêneros musicais: no primeiro dia do evento, Demi Lovato e Iggy Azalea se apresentam no palco principal; já no dia 03 de setembro, Bebe Rexha e a brasileira Luísa Sonza são quem representam as mulheres no palco. Dia 07 de setembro, Ludmilla é a única atração feminina do palco Skyline; enquanto Pitty divide o posto com a vocalista do Garbage no dia 09. Exceção na programação, o dia 10 de setembro é o único em que as artistas femininas são maioria no palco, comandado por Kim Petras, Iza e H.E.R.

As 10 melhores atuações do cinema em 2021


O Cinematofagia está cada vez mais próximo de publicar a lista com os melhores filmes de 2021, mas antes vamos celebrar as 10 melhores atuações do ano (todas as listas de melhores de 2021 aqui).

De vencedoras da temporada a estreias inacreditáveis, a lista segue as seguintes regras: não há separação entre papéis protagonistas e coadjuvantes e nem de gênero, tendo como critério de inclusão a estreia do filme em solo tupiniquim dentro do ano ou com o filme chegando à internet sem distribuição no país até o fechamento da lista. Importante pontuar também que, quando são duas performances no mesmo filme, foram colocadas na mesma posição.

Não assistiu a algum dos longas aqui listado? Não se preocupe, pode ler todos os textos que são sem spoilers - e em seguida correr para aclamar essas performances maravilhosas. Quem são os indicados ao Oscar Cinematofagia de "Melhor Atuação" do ano? Você pode conferir abaixo.


#10 Morfydd Clark em "Santa Maud"

A galesa Morfydd Clark ainda está no começo de sua carreira, conseguindo papéis coadjuvantes em "Orgulho e Preconceito e Zumbis" (2016) e "Predadores Assassinos" (2019), finalmente conseguindo o merecido destaque em "Santa Maud". Vivendo uma enfermeira que, após um colapso, se converte para o (ultra) cristianismo, Clark é brilhante em compor a psicótica Maud e sua insana missão de salvar a alma de sua paciente, indo do céu ao inferno num piscar de olhos.

#9 Riley Keough & Taylour Paige em "Zola"

Enquanto Riley Keough já possui uma carreira solidificada - inclusive aparecendo na minha lista de melhores atuações de 2020 com "O Chalé", parabéns pela dobradinha -, Taylour Paige só havia conseguido pequenas pontas na tevê, cinema e videoclipes, e é difícil imaginar alguém melhor para ser Zola, a stripper que quebrou a internet com sua saga de 148 tweets em 2015. A dupla, um yin-yang perfeito, se completa na condução desse épico disfuncional e feminista.

#8 Nicolas Cage em "Pig: A Vingança"

Uma das trends da Hollywood moderna é a ressureição de carreiras que eram dadas como mortas ou nunca levadas à sério. Quer exemplos? Michael Keaton com "Birdman" (2014), Steve Carell com "Foxcatcher" (2014) e Adam Sandler com "Joias Brutas" (2019). Cada um desses filmes catapultaram os respectivos atores para o panteão de nomes a serem seguidos, e "Pig" é a redenção de Nicolas Cage. A diferença é que Cage já viveu o apogeu, vencendo o Oscar por "Despedida em Las Vegas" (1995) e destruindo sua imagem com péssimos filmes e atuações medíocres. Engraçado como ele entrega uma das melhores atuações de sua vida como um homem que só quer resgatar sua porca a todo custo.

#7 Frances McDormand em "Nomadland"

Meryl Streep é sempre consagrada como a melhor atriz da geração, mas Frances McDormand está nada atrás. Ambas, inclusive, venceram a mesma quantidade de Oscars nas categorias de atuação, com McDormand dominando o coração da Academia nos últimos anos. Apesar de não ter sido minha favorita na categoria de "Melhor Atriz" em 2021 (ela aparecerá mais à frente), McDormand continua impecável como Fern, uma nômade que vive em uma van e tenta sobreviver aos EUA em época de recessão. Servindo, também, como produtora do longa (que lhe deu um quarto Oscar), Frances demonstra sua versatilidade e esperteza em escolher mulheres complexas para representar na tela.

#6 Benedict Cumberbatch em "Ataque dos Cães"

Um ator que sempre figura nas listas de queridinhos do público é Benedict Cumberbatch. Alguns, inclusive, acham que ele deveria ter vencido o Oscar em 2014 por "O Jogo da Imitação" (coragem). Ao contrário da maioria, Cumberbatch nunca foi um ato do meu agrado, mas "Ataque dos Cães" me fez entrar no hype. O melhor elemento de todo o filme, Cumberbatch (que é inglês) mastiga um sotaque perfeito norte-americano caipira como um macho-alfa desprezível que esconde segredos para a fachada que emprega.

#5 Lady Gaga & Jared Leto em "Casa Gucci"

Dois Oscars winners juntos fazem magia. Aliás, quase todo o cast principal de "Casa Gucci" é vencedor do careca dourado e não decepciona, porém, Lady Gaga e Jared Leto roubam a cena. "Casa Gucci" é como aqueles filmes hollywoodianos na Era de Ouro que se passam em "terras estrangeiras": caricato e melodramático da melhor forma, com Gaga e Leto encabeçando o exagero. Podem, para alguns, ultrapassar o limite, mas os dois estão imperdíveis nesse universo camp que reúne remixes de clássicos e roupas de luxo, tornando-se um "O Poderoso Chefão" gay.

#4 Olivia Colman em "A Filha Perdida"

Junto com Meryl e McDormand, Olivia Colman também faz parte da elite de atuação moderna. Já tendo vencido o Oscar pela genial (e louca) rainha de "A Favorita" (2018), Colman mira em mais uma performance para arrebatar louvores com "A Filha Perdida". É difícil falar sobre sua personagem sem revelar as inúmeras camadas obscuras que a constroem, todavia, Colman traz uma das mães mais complexas do cinema nos últimos anos sem perder um mísero momento no filme de estreia de Maggie Gyllenhaal, que desglamouriza a maternidade de maneira sincera (até demais).

#3 Carey Mulligan em "Bela Vingança"

Carey Mulligan já habitava no meu radar há uma década, desde seu fantástico 2011 com "Drive" e "Shame", e finalmente teve o reconhecimento que merece com "Bela Vingança". Certo, ela não levou o Oscar (mas deveria), no entanto, sua garçonete que abandona tudo em busca de vingança pela amiga morta é uma viagem sensacional que reflete com maestria as desgraças que toda mulher está suscetível em uma sociedade afogada na cultura do estupro. Nada fácil de ser engolido, mesmo com tanta cor, Mulligan eleva "Bela Vingança" para patamares de excepcional.

#2 Anthony Hopkins em "Meu Pai"

Anthony Hopkins tem seu nome cravado na história do Cinema como um monstro, porém, entregar uma das melhores atuações de todos os tempos com mais de 80 anos é um feito sem precedentes. Levando seu segundo Oscar quase 30 anos depois do primeiro - com "O Silêncio dos Inocentes" (1991) - e se tornando o ator mais velho a receber a estátua de "Melhor Ator", a maior conquista de Hopkins com "Meu Pai" é entregar a melhor performance de uma pessoa que sofre com doenças mentais já feita na Sétima Arte. Tão impressionante quanto dolorido.

#1 Agathe Rousselle & Vincent Lindon em "Titânio"

Se houvesse justiça nesse mundo, Agathe Rousselle e Vincent Lindon estariam sendo celebrados como merecem. "Titânio" é o filme mais complexo e desafiador de 2021, e seus personagens são partes fundamentais da construção daquele mundo tão estranho, carregado por ambos como se não estivesse fazendo esforço. Duas das mais magistrais entregas de todos os tempos, Rousselle e Lindon entregam seus corpos nesse body horror bizarro e são as âncoras que não deixam todo o carnaval de loucuras sair do chão do verossímil. Absurdamente irretocáveis.

***

Crítica: com Gaga, roupas de luxo e remix de "I Feel Love”, “Casa Gucci” é um "Poderoso Chefão” gay


Vou começar essa crítica apontando algo que já devo ter apontado em algum(ns) texto(s) dessa presente coluna: não aguento mais cinebiografias. O subgênero (vou chamar assim, mesmo não tão correto) está mais do que saturado em Hollywood - felizmente, a Academia está começando a diminuir o montante de premiações para papéis biográficos - se olharmos para as últimas cinco edições nas quatro categorias de atuação, sete atores levaram um Oscar interpretando algum personagem real - fora os inúmeros indicados. Papéis criados do zero deveriam ser mais bem vistos, a meu ver.

Esse rant é, também, devido aos rumos que o Oscar 2022 se encaminha, apontando mais papéis biográficos nos postos mais altos. Por isso que fui assistir "Casa Gucci" (House of Gucci), do lendário Ridley Scott (diretor de ""Alien: o Oitavo Passageiro", 1979, "Blade Runner", 1982, "Thelma & Louise", 1991, "Gladiador", 2000, e tantos outros clássicos), com um pé atrás.

Outro elemento que garantiu esse pé bem fincado no chão foi a maneira que o filme se vendeu desde o início de sua campanha: o foco era pesadíssimo em cima do elenco, pipocando na tela como todos são Oscar winners e nominees. Claro, isso é um chamariz mais do que efetivo, porém, muitas vezes a estratégia é utilizada para dar luz (e esconder) o óbvio: o que há de bom no filme é seus atores, não o filme em si.


E sim, "Casa Gucci" é mais uma cinebiografia hollywoodiana. O longa conta como a vida da família Gucci foi mudada com o casamento de Maurizio (Adam Driver), o herdeiro do império, com Patrizia Reggiani (Lady Gaga). Ele, no alto do mundo da moda, conhece a filha de um caminheiro em uma festa, recebendo imediata reprovação de Rodolfo (Jeremy Irons), pai de Maurizio, no melhor estilo "o princeso e a plebeia". Ela entende nada de arte, um alerta vermelho para quem habita um dos países com maior apreço pela sua carga cultural do planeta. É claro que ela não pertence àquele universo.

Extremamente ambiciosa, Patrizia se desdobra pra conseguir Maurizio - o início do relacionamento pende bastante para o lado econômico, como se ela estivesse mais interessada na fortuna do pretendente do que nele em si, todavia, o desenrolar dos acontecimentos mostram que sim, Patrizia quer a etiqueta "Gucci" em sua vida, mas também ama Maurizio. E falando no primeiro ato, ele talvez seja o mais irregular da película. Há uma falta de polimento na montagem, com alguns acontecimentos sendo cortados mais cedo do que deveriam (e estamos falando de um filme de 157 minutos), o que pode atrapalhar a imersão de alguns espectadores (apesar de notar as falhas, não foi o caso comigo). Soa como se Maurizio tivesse se apaixonado pela mulher fácil demais.

Rapidamente os dois se casam e então "Casa Gucci" começa de fato. Patrizia conseguiu. Porém, Maurizio tem interesse nenhum em se associar com a marca, controlada por seu pai e Aldo (Al Pacino) - do outro lado, há Paolo (Jared Leto), o filho "idiota e inútil" (esses adjetivos são repetidos inúmeras vezes) de Aldo que almeja levar a empresa para rumos mais, digamos, excêntricos. A Gucci é rapidamente vista como um tabuleiro em que cada peça toma cuidado para dar a próxima jogada.

O filme transita por dois estilos: o melodrama e a sátira, ou seja, é uma obra muito camp. A decisão de Scott neste determinado aspecto mostra que a produção estava ciente do divisor de opiniões que seria a fita - ao invés de focar em um dramão classudo com cara de Oscar - à la "Spencer" (2021), "Casa Gucci" quer transformar sua história em um espetáculo, uma escolha arriscada, e isso se comprova do consenso dividido por parte da crítica: uns amaram e outros acharam irregular.


O ritmo do filme é uma montanha-russa que não dá aviso prévio de quando vai subir lentamente pelo dramalhão e quando vai despencar na comédia - e há momentos realmente hilários, o que surpreende: como uma história sobre jogos de poder, ganância, poder, traição e assassinato pode ser tão leve? Não consigo negar que há algumas moedas de dois lados enormes dentro da exibição, e a maior delas é, com certeza, o personagem de Jared Leto.

Vi em threads no Twitter algumas análises entre os personagens vs. as pessoas reais, e muito foi falado como o Paolo Gucci de Leto tinha nada a ver com o real herdeiro, o que, pelo menos fisicamente, é um fato. Leto está soterrado em maquiagem (alguém aí quer o Oscar da categoria), e Scott empurra o personagem ao máximo, transformando-o em uma caricatura. Já li muito como alguns acharam Paolo o elemento dissonante do longa, contudo, cada momento em que Leto estava na tela era um frescor para mim. Sim, é demasiado e não há tentativas de esconder o peso das escolhas ao redor do personagem, mas é exatamente aí que habitam os dois lados da mesma moeda.

Paolo pode não ser o destaque do roteiro, mas resume muito bem o que é "Casa Gucci": é como um filme da Era de Ouro de Hollywood que se passa em um país ou com uma cultura ~estrangeira: os filmes de Humphrey Bogart, intrigas internacionais com cenários "exóticos" de Alfred Hitchcock ou homenagens à nouvelle vague. Os sotaques que não existem real motivo para existirem (os personagens são italianos, por que falam em inglês?), o exagero de características, tudo é muito nostálgico e delicioso nesse pacote assumidamente cafona (mesmo vestindo roupas de grife).

E falando nos sotaques, um rápido debate. Com tantos graduados em linguística e fonética que surgiram na internet desde o primeiro trailer da obra, muito foi falado sobre os sotaques utilizados, principalmente o de Lady Gaga: ele já foi chamado de russo, alemão, ucraniano e todas as nacionalidades possíveis para apontar como não soava italiano. É só assistir a qualquer vídeo da real Patrizia falando que vemos que o sotaque está igual, porém, não é esse o debate que quero levantar, e sim o seguinte: qual a necessidade absoluta de um filme de ficção ter que ser violentamente igual ao real? Isso não é um documentário, é uma obra fictícia baseada em acontecimentos reais, ou seja, não há qualquer contrato assinado sobre a veracidade. Se tratando de cinebiografias então, a cobrança é ainda maior. Temos que abrir mão desse apego ao real quando o cinema é uma REPRESENTAÇÃO do real - e muitas vezes nem do real é.


Se não bastasse a diversão que é a sessão, ainda temos uma porrada de atuações antológicas. Todos os cinco que compõe o elenco principal merecem uma chuva de elogios (e prêmios), com destaque, evidentemente, à Lady Gaga. Se ela encontrou sucesso com "Nasce Uma Estrela" (2018), em "Casa Gucci" ela rasga o ecrã e carrega o filme nas costas - até nos momentos em que Patrizia não está na tela desejamos que ela retorne o mais rápido possível. Gaga, que cambaleou no início de sua carreira como atriz (não esqueço o Globo de Ouro comprado por "American Horror Story: Hotel", 2015) está consolidada como uma atriz de alto escalação. Conseguir roubar a cena contracenando com AL PACINO (que está irretocável) é prova mais que resoluta de sua competência.

Algo que ficou pairando no ar foi: qual foi a motivação da existência da personagem de Salma Hayek dentro do texto? O letreiro no final informa que sua personagem foi condenada pelo assassinato de Maurizio, entretanto, fiquei em dúvida se realmente existiu essa pessoa. Existindo ou não, a Pina de Salma é bastante descartável - não em termos de atuação, e sim de peso narrativo. Se ela fosse cortada, nada mudaria no enredo, e soa cômico (no mal sentido da palavra) ver a vidente e feiticeira (?) ajudando a cada vez mais tresloucada Patrizia na sua jornada rumo à loucura. Em algumas passagens, pareceu como se Pina existisse apenas na cabeça de Patrizia, ou seja, não precisava estar ali.

De longe, a maior glória de "Casa Gucci" é um feito raramente conseguido por cinebiografias: tudo o que se passou fora do que está na tela é irrelevante. Você não precisa conhecer os personagens, nem suas histórias, nem seus desfechos antes de sentar diante do filme, uma falha recorrente dentro do subgênero. O desenvolvimento de seus personagens, principalmente se tratando de várias jogadas que mudam os rumos de todos, é inteiramente construído no ato fílmico, e você consegue entender perfeitamente as motivações e impactos de cada um, o que foi um alívio tremendo - receava que a fita fosse um "O Irlandês" (2019)

É até estranho colocar tais palavras juntas, mas "Casa Gucci" é um "O Poderoso Chefão" (1972) gay. Intrigas familiares com carregados sotaques italianos, mas adicionando roupas de luxo, remix de "I Feel Love", e, claro, Lady Gaga em cima de saltos agulha e casacos de pele se vingando do marido infiel? Mais queer impossível. O impacto cultural do longa é comprovado no momento em que quase toda a sala do cinema fez o sinal da cruz durante a já icônica fala "Em nome do pai, do filho e da Casa Gucci", e isso vale muito mais do que qualquer prêmio por aí.

O nome dela é Signora Gucci, obrigado.

Dossiê: quem é quem em Chromatica Remix

 

Depois a gente se fala, Tony! No Twitter, Lady Gaga confirmou pela primeira vez que uma versão remix de “Chromatica” não só vem aí, como está “fucking fuego!🔥”


Essa até pode ser novidade para muita gente, mas há algum tempo o DJ e produtor Bloodpop, que trabalhou com a italianinha no seu último álbum, tem divulgado informações e rumores sobre o projeto. Ontem mesmo (09/08) o produtor nos deu a confirmação de todos os nomes que estarão presentes na tal versão de remixes do álbum. E pelos artistas confirmados até agora, a gente já pode se preparar pra muito hyperpop!

Esse nicho pop ganha cada dia mais fãs, mas ainda tem muita gente que torce o nariz ou mesmo desconhece a maioria do pessoal que faz a cena acontecer hoje em dia. Muitos deles inclusos no em breve real e pela glória do Senhor“Chromatica Remix”.

Se assim como muita gente você ficou: “Meu deus, mas quem é esse povo?!”, o It  pega na sua mão e te convidar a conhecer todos os nomes mencionados, além de dar um gostinho do que está por vir!


Alice (feat. LSDXOXO)

LDSXOXO é o nome artístico do Produtor e DJ Raushaan Glasgow, um americano radicado em Berlim que fez seu nome na cena house e ballroom de Nova Iorque. Dono de um som incrível, ele é um dos mais aclamados da música eletrônica LGBTQIAP+ pela crítica. Só acho que podemos esperar uma nova sonoridade muito mais chique para essa faixa de abertura, que já é boa pra c****!

Rain On Me (feat. Arca)

Alejandra Ghersi, mais conhecida como Arca, é uma cantora e produtora venezuelana conhecida e aclamada por seus trabalhos experimentais e que mergulham em atmosferas e texturas nada convencionais da música pop. Por esse motivo, ela é alvo de muitas discussões por parte dos fãs de pop. Pra você entender o poder da gata, Kanye West, Bjork e FKA Twigs são apenas alguns dos artistas com álbuns produzidos por ela. Até onde sabemos, a versão de "Rain On Me" sob a ótica de Arca vai incluir samples das faixas “Mequetrefe” e “Time”, do mais recente disco da artista, “KICK i”, além de “Métalo Sácalo”, do DJ Yirvin. Simplesmente TUDO!

Free Woman (feat. Rina Sawayama)

Um dos nomes mais amados e aclamados em ascensão no pop, Rina Sawayama é cantora nipo-britânica que, em termos de composição, não hesita em quebrar tabus (!) e fazer críticas sociais, como ao neoliberalismo e às vivências enquanto pessoa Queer. Tudo graças à influência adquirida durante sua formação em Política, Sociologia e Psicologia, pela Universidade de Cambrige (ehh gata!). Sua sonoridade mistura o pop anos 90 e 2000, com toques de metal e R&B.

Fun Tonight (feat. Pabllo Vittar)

Dispensa apresentações! A drag mais famosa do mundo se juntando a uma das maiores artistas de todos os tempos. Ela sabe que venceu, e nós também! Uma das músicas do Chromatica mais desdenhadas pelos Little Monsters, Fun Tonight tem tudo para ganhar uma versão poderosa com Pabllo Vittar na jogada. 

 911 (feat.Charli XCX)

Embaixadora oficial do hyperpop, Charli XCX tem sido um dos nomes mais criativos e inovadores do nosso tempo não apenas por suas composições para outros artistas que se tornaram sucessos mundiais, mas também como uma desbravadora do pop futurista que sempre está disposta a experimentar novas texturas. já estamos com a colher e a panela prontas pra bater!

Plastic Doll (feat. Ashnikko)

Ashnikko, é uma compositora cantora e rapper estadunidense, de 25 anos é uma aquariana que vem ganhando espaço com seus clipes em universos fantásticos, Ash em seu último álbum “DEMIDEVIL” misturando o trap com pop, e conta com parcerias como Grimes e a lendária, Kelis.

Sour Candy (feat. Shygirl)

Outra queridíssima da cena hyperpop, Blaine Muise é uma compositora, cantora e rapper britânica que vem criando misturas geniais de house com hip-hop e industrial. Suas maiores inspirações vão de Mariah Carey à Björk. Sem medo de ser feliz, Shy anteriormente tinha compartilhado em seu Instagram que estava mandando seus versos de última hora para Bloodpop. (lenda que deixa tudo pra última hora, assim como nós). Mas tratando-se de um dos pontos mais altos de Chromatica, as expectativas estão lá em cima!

Enigma (feat. DOSS)

DJ e produtora também de Nova Iorque, Doss é uma das mais elogiadas pela polêmica Pitchfork.    Suas produções misturam o house bubblegum (sim, esse subgênero existe!) com trance criando uma estética sonora alegre e pulsante. Doss é um nome que já estava sob o olhar da Mama Monster. No passado esteve presente como nome de destaque na playlist “Woman Of Choice”, feita pela nossa italianinha, e também fez parte da festa de lançamento virtual do “Chromatica” realizada pela Paper Magazine.

Replay (feat. Dorian Electra)

Quando se trata do hyperpop, a compositora, produtora e performer não binária, Dorian Electra é figurinha carimbada. Seus clipes, além de espetáculos visuais, trazem questionamentos sobre gênero e críticas à cultura pop.

Sine From Above (feat. Mood Killer, Lil Texas & Chester Lockhart)

A colaboração histórica de Gaga com Elton John vai ganhar uma cara nova com um toque de Mood Killer, Lil Texas e Chester Lockhart. Para entender um pouco mais sobre essa galera: Mood Killer que também arrasa no pop experimental, além de sempre ser muito cirúrgico quanto a temas sociais e de gênero. Lil Texas já é mais famoso por seu techno hardcore de 200 BPM, misturando também a música eletrônica com elementos de jazz e clássico. Enquanto isso, Chester Lockhart já está no mundo da música há uns bons anos e coleciona aparições, como nos programas “RuPaul’s Drag Race”, “Shameless”, além do clipe “You Need to Calm Down”, de Taylor Swift.  

Babylon (feat. Bree Runway)

Little Monster assumida e de longa data, a rapper britânica Bree Runway demonstrou diversas vezes seu amor por Gaga nas redes sociais. Cada vez mais conquistando seu espaço com suas músicas e videoclipes impecáveis, quando adolescente começou a fazer música sobre suas vivências enquanto mulher negra retinta no Reino Unido. Mesmo ainda em seu começo de carreira, Bree já realizou um de seus sonhos ao colaborar com a lendária Missy Fucking Elliot!

Babylon (Haus Lab/Early Verision)

Bloodpop também confirmou a tão esperada versão de “Babylon" produzida pelo DJ alemão Boys Noize, cujo suposto trecho gravado na sessão de fotos para a V magazine em 2019 foi vazado antes do lançamento do Chromatica ano passado. Óbvio que isso foi o suficiente pra deixar a fã base em choque. Isso porque nesta versão é possível notar a presença do sample da música “Fame”, do ícone maior David Bowie!!!


Chromatica I, II, III  - Grimes

Não podemos nos esquecer das icônicas interludes. Como não lembrar da transição de “Chromatica II” a “911”, que se tornou um viral estratosférico? Quem ficou responsável por essa ponte na versão remix foi nada menos do que uma das manjedouras do indie, GRIMES! A canadense criadora de mitologias contou em uma de suas lives no Discord que quase ficou de fora do projeto, mas com o adiamento ela teve tempo de criar seus “monólogos” para serem inclusos na edição final

Sentiu falta de alguma coisa?

Perguntado sobre quais artistas não mencionados estariam presentes no LP, o produtor confirmou o multiartista alemão Planningtortock sem mencionar em qual faixa ele fez sua colaboração. “Stupid Love” e “1000 Doves” foram as únicas que ainda não atribuídas a nenhuma participação do projeto. Quem será que fará parte do “deserto” e do pombal? Esperamos saber logo logo. Mas enquanto isso, já deu stream no Chromatica hoje?

Matéria produzida e redigida em colaboração com Allan Bussons (@allancorreiab)


Reunimos tudo o que você precisa saber sobre a nova era jazz de Lady Gaga e Tony Bennett

 

Lady Gaga está começando uma nova fase de sua carreira. Sem ter dado um fim de fato a tão querida era Chromatica, a hitmaker de “Replay” vai retomar a parceria de sucesso com Tony Bennett após aceitar o convite para gravar um novo disco com a lenda do jazz.

Pelo que já foi divulgado na imprensa mundo afora, a volta da dupla vai ser em grande estilo. E não poderia ser menos que isso, né? O projeto vai suceder Cheek to Cheek, o disco de feats lançado em 2014 que foi aclamado pela crítica, vencedor de Grammy’s e o grande responsável por reerguer a credibilidade artística de Gaga após a chuva de críticas durante a controversa era Artpop.

Por isso, a gente reuniu nesse artigo tudo o que já sabemos sobre essa nova era que já é realidade (para a felicidade de uns e tristeza de outros). Doeu, viúva de Chromatica?

Lead single
De acordo com o site ShowBiz411, “Love For Sale”, nome do primeiro lançamento da parceria, sai no dia 3 de agosto, daqui a exatas duas semanas. Apesar do nome ter circulado na mídia, ainda não se sabe se ele intitula o single ou o disco. Quem sabe ambos? Mas parece que de fato teremos alguma novidade da dupla para conferir nas plataformas de streaming em 3 de agosto.

Mini turnê
Uma novidade que empolgou os mais entusiastas da parceria foi a divulgação dos shows em Las Vegas nos próximos dias 3 e 5 de agosto, data em que o astro faz 95 anos. Chamado de “One Last Time – An Evening with Tony Bennett and Lady Gaga”, a mini turnê comemorativa tem um tom de despedida.

Ao que tudo indica, essa será a última oportunidade para conferir Gaga e Bennett dividindo palco. O espaço que vai sediar esse evento histórico é o Radio City Music Hall da cidade dos cassinos, e a organização do evento já divulgou que vai proibir a entrada de câmeras, dispositivos eletrônicos e até mesmo celulares! Mega exclusivo REAL. Além disso, os espectadores precisam apresentar o certificado de vacinação e cumprir todos os protocolos de prevenção ao coronavírus exigidos. 

O disco
O mesmo ShowBiz411 revelou que o sucessor de Cheek to Cheek vai contar com covers de duetos famosos do jazz. O disco foi gravado entre 2018 e 2019, antes mesmo da pandemia de COVID-19. E é aí que vem a parte triste da história.

Os planos para uma continuação do CTC eram desejo antigo do cantor de 94 anos, e vinham desde o lançamento do primeiro disco, mas tiveram de ser acelerados devido ao avanço do Mal de Alzheimer em Tony. Apesar de ter sido revelado apenas no começo deste ano, o diagnóstico da doença foi feito ainda em 2016. Por ser uma doença ainda sem cura, a cada dia, mês e ano a doença progride e debilita ainda mais quem é acometido por ela.

Documentário
O site da ONG AARP fez uma reportagem aprofundada sobre a batalha do astro contra a doença e revelou que as sessões de gravação do disco conjunto entre ele e Gaga foi gravado e virará um documentário.

Esse material promete muita emoção e intimismo. Isso porque, após ter acesso a algumas das cenas, o veículo relatou que Tony “fala raramente e, quando o faz, suas palavras são hesitantes” e que “às vezes, ele parece perdido e confuso”. Lady Gaga, Consciente do estado de saúde de seu mentor, mantinha “suas declarações curtas e simples (como é recomendado por especialistas na doença ao conversar com pacientes de Alzheimer)”. Ela dizia que pensava o tempo todo na turnê de 2015 que eles fizeram. Em resposta, “Tony olhava para ela sem palavras. ‘Não era divertido todas as noites?’, ela perguntava a ele. ‘Sim’, ele respondia, incerto”. 

MTV Unplugged

O reencontro desses dois ícones da indústria vai ganhar um especial acústico da MTV. A gravação do MTV Unplugged rolou em 2 de julho lá em Nova York em um lugar finérrimo, o Angel Orensanz Foundation, espaço cultural em Manhattan. O espetáculo televisionado vai eternizar as performances do novo disco e promete trazer surpresas especiais para essa ocasião realmente única. Mal podemos esperar para assistir!

E quanto a Chromatica Remix?
Ainda sem confirmação da nossa italianinha do pop, muito menos previsão de lançamento, o Chromatica Remix tem sido muito aguardado pelos little monsters e muito comentado principalmente pelo produtor Bloodpop. Seu último spoiler foi em 14/07 no Twitter, quando respondeu a um usuário que o disco está “insanamente bom” e que espera que ele seja divulgado “em breve”. Artistas como Charli XCX, Rina Sawayama e Bree Runway também já deram a entender que estarão no projeto. E até Pabllo Vittar entrou na jogada, com rumores de que também estaria presente na versão remix de um dos discos de 2020. Resta saber: será que vem MESMO aí?

Enquanto não temos mais informações, só nos resta alimentar esperanças. E curtir a fase jazz da Mother Monster. 

10 anos do “Born This Way”: Gaga lançará musicas do disco em versões reimaginadas por artistas LGBTQIA+ e aliados


Que surpresa linda! Comemorando dez anos do “Born This Way”, o álbum mais marcante da carreira de Lady Gaga e o mais significativo para os fãs, a artista resolveu nos dar um presente que tem tudo a ver com o legado do disco. 

No dia 18 de junho, Gaga lançará uma versão especial do álbum chamada “Born This Way The Tenth Anniversary” que contará com um primeiro disco, sendo este com o álbum original em suas 14 canções, e um segundo, com versões das músicas reimaginadas por artistas LGBTQIA+ e aliados à causa. 

A primeira amostra desse projeto, a nova versão de “Judas”, recriada pela rapper Big Freedia, chegou nessa sexta-feira (28) com uma vibe ballroom, nos deixando ainda mais animados para conferir todas as outras versões que vem por aí. 

Segundo a Pitchfork, seis músicas do “BTW” ganharão novas versões, incluindo “The Edge Of Glory”, “Yoü & I” e “Born This Way” em uma versão “country road”, além da já lançada “Judas” pela Big Freedia. 

E se vai rolar relançamento do “Born This Way” com artistas LGBTQIA+, nada mais justo do que a maior drag do mundo, a dona do Brasil, Pabllo Vittar, estar no projeto, né? Como o brasileiro não brinca em serviço, já fuxicaram a internet toda e resgataram um stories da Pabllo cantando a melodia de “Bad Kids”. Será que foi tudo uma dica pra gente? Pois se não foi, Lady Gaga, faça acontecer agora! 



Provando que, apesar de se dividir entre mil e um projetos, ela está atenta ao que os fãs querem, o álbum comemorativo do “Born This Way” não é a única coisa que Gaga tem preparado pra gente, não. A artista também está criando uma versão remixada do “Chromatica” conforme noticiamos aqui e que deve contar com nomes como Rina Sawayama, Charli XCX e a mais recentemente confirmada Bree Runway

Teoria conspiratória aí: e se essas versões reimaginadas do “Born This Way” e do “Chromatica” não forem as únicas a serem lançadas? Será que Gaga está preparando mais novidades pra gente? Vale lembrar que ainda esse ano ela lançará seu segundo disco de jazz com o Tony Bennett, e os rumores de um “ARTPOP ACT. II” sempre voltam a reaparecer, nos dando uma certa esperança. Uma coletânea bem especial para os sucessos da carreira, hein, dona Lady Gaga? Não custa sonhar. 

Tudo o que sabemos sobre o álbum de remixes do “Chromatica” da Lady Gaga


Talvez você não se lembre, mas a atriz Lady Gaga, antes de filmar sua nova aposta, o longa “Gucci”, era também uma grande cantora! Pois é! E parece que muito em breve ela vai relembrar isso ao lançar uma versão remixada de seu último disco.

Liberado em maio do ano passado, o “Chromatica” nos apresentou à um planeta de mesmo nome que serviu de metáfora para Gaga explorar questões relacionadas a empoderamento, saúde mental e fama. O planeta acabou abandonado bem cedo, mas seus habitantes podem logo, logo ter novidades. Ao menos é o que diz o Bloodpop, produtor do álbum.

“Novidades sobre os remixes do Chromatica?”

“Estou fazendo! Se prepare para festejar”


Estão deixando a gente sonhar! 

Tal como o “Club Future Nostalgia”, versão remixada do mais recente álbum da Dua Lipa, o possível novo “Chromatica” deve contar também com algumas participações especiais, e nós separamos aqui tudo o que já sabemos sobre essas parcerias.


Quem deve desembarcar em “Chromatica”? 

O primeiro nome, e talvez o mais certo na lista de participações, é o de Rina Sawayama. Nesta terça (11), a cantora passou pelo tapete vermelho do BRIT Awards e confirmou que, sim, já gravou seus vocais para o projeto, e ainda deu uma dica sobre em qual música deve aparecer. Segundo Rina, que está de aparelho nos dentes, gravar seus versos foi muito difícil pelos palavras com F presentes na canção. F... de “Free Woman”



Outro nome que possivelmente estará no material é Charli XCX. Os fãs pediram um remix de “911” com a rainha das panelas, o Bloodpop foi lá, atendeu e até cobrou a britânica nesta quarta (12).


“Hey Charli como esse remix está indo?”

“Vou te mandar uma ideia esta semana...”


E será que teremos um pedacinho do Brasil nesse planeta? Pode ser que sim! Em seu Twitter, Bloodpop recebeu a mensagem de um fã  dizendo que torcia para que a Pabllo Vittar estivesse no projeto”, ao que o produtor respondeu com uma carinha piscando.


Só isso não indicaria muita coisa além de um “hmmm, quem sabe?”, mas o mesmo insider que confirmou a parceria de Gaga e Ariana em “Rain On Me” falou da Pabllo por esses dias e ainda curtiu um tweet da drag comentando sobre “Sour Candy”. Vem aí ou não vem? A gente ia amar! 

Dorian Electra é outro nome que pode estar no “Club Chromatica” (vamos apelidar assim porque ficou fofo, vai!). A artista aproveitou que Bloodpop estava interagindo com fãs e conversando sobre remixes do “Chromatica” em seu Twitter e jogou assim, como quem não quer nada, um “pensamento aleatório: por acaso eu amo a música ‘Replay’ da Lady Gaga, é realmente incrível”. Espertinha, né? E deu certo, porque ela foi notada pelo produtor! Será que vai rolar? 



Vale lembrar que não há nada confirmado por parte da artista e que o projeto, por enquanto, é apenas um grande desejo do Bloodpop, que já está trabalhando no material. Agora é seguir na esperança de que nossa mamãe monstro se lembre da gente e alimente seus monstrinhos.

No Dia da Mulher, listamos algumas vezes em que a mídia e os fãs falharam com as mulheres do pop

 

Se você já abriu qualquer rede social hoje, 8 de março, já se ligou que é Dia da Mulher. Muitos posts celebrativos estão sendo feitos, agradecimentos, playlists empoderadas... Mas esse ano resolvemos chamar atenção para um problema maior: o machismo e o sexismo da mídia e dos fãs com artistas da música pop. 

Quem curte música pop e ativamente discute sobre isso nas redes sociais sabe: não precisa de muito para encontrarmos alguém chamando uma artista de “cadela”, “fracassada”, “vadia” e daí pra baixo. Gosto não se discute e ninguém é obrigado a gostar de todas as artistas que existem - mas respeito é necessário, não importando se elas são famosas e se elas vão ver ou não.

Listamos aqui então alguns casos importantes para fazermos uma reflexão mais do que necessária neste dia: 


Britney Spears em 2007

Não poderíamos começar essa lista sem falar de Britney Spears. Ao longo de sua carreira, a americana foi atacada com críticas sexistas vindas até de seu ex-namorado Justin Timberlake, que iniciou uma perseguição midiática à princesa do pop. Mas em 2007 tudo piorou. 

Nesse ano a artista sofreu um colpaso psicológico: enquanto se divorciava e cuidava de seus filhos pequenos, ela teve que lidar com a perseguição dos paparazzis, que não a deixavam em paz em lugar nenhum. Britney acabou estourando, raspou seu cabelo, brigou com fotógrafos na rua e passou por clínicas de reabilitação. 

Como resultado, seu pai, Jamie Spears, conseguiu sua tutela jurídica, controlando seus bens, sua vida pessoal e sua carreira. Hoje, aos 39 anos e muito bem de saúde mental, Britney continua sem autonomia para gerenciar seu patrimônio. Foi assim que surgiu o movimento #FreeBritney. 

Britney é, até hoje, um dos principais exemplos de como somos capazes de destruir uma estrela pop apenas por entretenimento. 


Janet Jackson e o Superbowl

De uma história envolvendo o Justin Timberlake para outra. Em 2004, Janet Jackson e Justin se apresentavam no SuperBowl quando, sem querer, o artista arrancou um pedaço do figurino de Janet, expondo seu seio em rede nacional.

Para Justin Timberlake, bastou apenas se desculpar pelo ocorrido e cortar relações com Janet e, então, todos pareceram esquecer que ele esteve envolvido nesse acidente, ao ponto do cara ganhar vários Grammys depois. Com a Janet, não foi bem assim: mesmo tendo anos de uma carreira consolidada e com milhões de discos vendidos, a cantora foi boicotada nas rádios e na MTV norte-americana, além de ter sido praticamente desconvidada da premiação. 

Uma diferença perceptível e que ilustra muito bem a forma como ser uma mulher negra é ainda mais difícil, ainda que você seja uma grande artista pop. 


Taylor Swift e seus muitos namorados

Quem aí nunca leu um artigo acusando Taylor de sair com muitos caras? Ou viu um Tweet cheio de xingamentos direcionados a cantora por isso? Swift nunca pôde namorar em paz e sempre foi questionada sobre escrever músicas sobre suas experiências amorosas, ao passo que artistas masculinos, como Bruno Mars e Ed Sheeran, fazem o mesmo, mas nunca foram criticados.

Uma história que parecia ter ficado no passado, até a última semana, quando a Netflix liberou a série “Ginny & Gergia” e a produção causou revolta justamente por conter uma piada sexista envolvendo Taylor Swift. A cantora se pronunciou em seu Twitter: 

“Hey, Ginny & Georgia, 2010 ligou e quer sua piada preguiçosa e super sexista de volta. Que tal pararmos de diminuir mulheres que trabalhar duro ao definir esse tipo de merda de cavalo como se fosse DiVeRtIdA. Além disso, Netflix, depois de 'Miss Americana' isso não foi fofo da parte de vocês. Feliz Mês da História da Mulher, eu acho”


Beyoncé e sua gravidez “falsa”

Queen B é sempre atacada por se posicionar como uma mulher feminista e escancarar o racismo dos Estados Unidos em suas produções, mas aqui relembramos quando a artista foi extremamente desrespeitada sem estar falando absolutamente nada, apenas passando por um momento realizador para ela: sua primeira gravidez.

Durante a gestação de Blue Ivy em 2011, Beyoncé foi perseguida por paparazzis que tentaram provar, à todo custo, que sua barriga de grávida era falsa. Muitos cliques, vídeos e teorias de conspiração foram feitas, atrapalhando um momento único na vida de Bey, que desde então tem se tornado uma pessoa cada vez mais privada e dado menos entrevistas. 


Lady Gaga no início da carreira

Que Gaga nunca teve medo de ousar desde o começo da sua carreira isso a gente sabe. Ela chegou sendo tratada como uma figura meio fora da caixa pelas pessoas, jornalistas e fãs de música pop, que chegaram até a inventar que a artista era hermafrodita e satânica. 

Seu visual chamativo, com roupas diferentes, exóticas, e que muitas vezes tapavam poucas partes do seu corpo, fez Gaga ser muito questionada no início de sua carreira sobre a sexualidade de sua arte. Em uma emblemática entrevista, um jornalista perguntou para a cantora se ela tinha medo de que as referências sexuais minassem sua música. Ela respondeu: “não tenho medo. Você tem?”. 

E continuou: “se eu fosse um cara e estivesse aqui sentado com um cigarro na minha mão, apertando minha virilha, e falando sobre como eu faço música porque eu amo carros rápidos e transar com garotas, você me chamaria de rockstar. Mas quando eu faço isso em minha música e em meus vídeos, porque eu sou uma mulher, porque eu faço música pop, você me julga e diz que isso é uma distração. Eu sou apenas uma rockstar”


Luísa Sonza e Whindersson Nunes

Esse aí está fresco na memória, né? Em abril do ano passado, Luísa e Whindersson, um casal que sempre foi amado na internet, se separou. A notícia foi um choque pra muitos e a culpa, é claro, caiu no colo da mulher. Sonza foi até acusada de ter usado Nunes por fama e de tê-lo largado porque já tinha conseguido deslanchar sua carreira de cantora, o que descredibiliza totalmente todo o trabalho e esforço feito por ela para alcançar seus sonhos e objetivos. É importante lembrar que Luísa esteve ao lado de Whindersson durante todo um período duríssimo de depressão que ele sofreu. Porém, nada disso valeu para o tribunal da internet. 

Sabendo que não podia combater a onda de ataques que estava sofrendo, Luísa resolveu surfar nela e aproveitou o burburinho para divulgar uma música com o cantor Vitão, com quem apareceu namorando um pouco depois. Foi o suficiente para muitos boatos de traição surgirem.

A verdade é que ninguém sabe o que aconteceu entre Luísa e Whindersson - e nunca vamos saber. O comediante tentou contornar, defendendo a ex-mulher e pedindo que parassem de julgar somente ela, mas nada disso adiantou: a internet escolheu seu lado, colocando o homem em um pedestal e a mulher como culpada por tudo.


***

Existem muitos outros exemplos que podemos citar aqui como todas as vezes em que Madonna sofreu em sua carreira, mais recentemente com o ageismo e consequentes dificuldades para promover o “Madame X”; a forma como Anitta foi e ainda é constantemente reduzida à sua bunda, sofrendo machismo e ainda preconceito por ter vindo e se posicionar a favor do funk; como Kim Petras, uma mulher trans, é julgada por ter assinado com Dr. Luke, acusado por Kesha de abuso sexual, sendo que, como mulher trans, ela não pode se dar ao luxo de escolher oportunidades; como a própria Kesha ainda hoje tem suas acusações descreditadas e continua impossibilitada de sair da gravadora do produtor; a pressão estética sofrida por Demi Lovato, que até hoje não pode entrar na internet sem encontrar comentários a chamando de “gorda”, entre tantos. Exemplos não faltam.

Em todas essas situações, nós, como fãs, contribuímos para o linchamento e a perseguição de mulheres. Colocamos umas contra as outras, tratamos suas vidas pessoais como entretenimento e esquecemos que, na verdade, essas famosas são, antes de tudo, mulheres, com suas inseguranças, suas dificuldades e seus medos. Nesse Dia da Mulher, assuma sua responsabilidade: reavalie seus hábitos na internet, pense se está contribuindo para uma cultura que destrói, pouco a pouco, a saúde mental e física de mulheres ao redor do mundo e mude sua conduta. 

Fim de uma era: Tony Bennett anuncia aposentadoria e confirma último álbum com Lady Gaga

Em atividade desde 1950, Tony Bennett anunciou em entrevista para a AARP, na última segunda (01), seu afastamento da música para focar na saúde. Sua família revelou, na mesma matéria, que o músico foi diagnosticado com Alzheimer em 2016.

Foi nos anos 1990, quando seu filho mais velho, Danny, se tornou seu empresário, que a estrela do jazz viu seu legado despertar os sentidos de uma nova geração. Desde então, Tony levou o gramofone de Álbum do Ano em '95 pelo inédito “MTV Unplugged: Tony Bennett”, se apresentou no iTunes Festival em 2010 e, nas três décadas passadas se aventurou em parcerias com músicos de diversos cenários, convidando-os para reinterpretar clássicos do jazz, tendo colaborado com nomes como Amy Winehouse, Thalía, Christina Aguilera, Maria Gadú e Lady Gaga. A última se tornou uma verdadeira pupila para o artista.

Com 60 anos de diferença, a dupla criou uma admiração e carinho mútuo.

Tony Bennett salvou minha vida” – Lady Gaga

Após a primeira parceria em 2011 com “The Lady Is A Tramp”, o duo se uniu em 2014 para um álbum de clássicos, “Cheek to Cheek”, que contou com entrevistas, apresentações na TV e premiações e uma turnê com o show sendo lançado posteriormente em DVD/Blu-ray. O projeto, aclamado, venceu o Grammy por “Melhor Álbum de Pop Tradicional”.

Com o novo projeto gravado entre 2018 e 2020, e com previsão de lançamento para a primavera do hemisfério norte, não é esperada divulgação massiva por conta dos efeitos da doença degenerativa na vida do cantor.

Quando perguntado por Lady Gaga, durante uma sessão de gravação do álbum - ainda sem nome divulgado -, se haviam se divertido durante a turnê promocional em 2014, Tony respondeu com um incerto “sim”, fazendo o sorriso da cantora sumir, e mais tarde, fazendo-a soluçar com as mãos sobre o rosto ao ver o músico cantar novamente.

Segundo sua esposa, este deve ser seu último trabalho, devido o desafio das gravações. Tony já não se lembra os nomes de seus músicos, apenas amigos próximos e família – ele ainda reconhece Lady Gaga. Mas, segundo Tony, que é uma verdadeira inspiração para o mundo com seus 94 anos: “A vida é um presente, mesmo com Alzheimer”. 

Club Chromatica: com Sofi Tukker e WEISS, brasileiro Bruno Martini remixa “911”, de Lady Gaga


Chamaram a polícia e tá o caos aqui. Lady Gaga lançou no começo desse ano seu novo disco, “Chromatica”, e apesar de algumas ideias e elementos do conceito terem se perdido no caminho — em partes, por conta dos avanços da pandemia e a necessidade de mudança no ritmo de produção e entrega dos novos trabalhos — o que não faltam são novos materiais para os fãs.


Nesta sexta (04) a cantora lembrou que o álbum tá com a música “911” como seu atual single e, antes da faixa dar lugar para outra faixa do disco, ela ganhou três novos remixes, assinados por Sofi Tukker, WEISS e o produtor brasileiro de música eletrônica Bruno Martini — contratado pelo mesmo selo que a hitmaker de “Sine from Above”, Universal Music.


Os remixes foram revelados como EPs individuais nas plataformas de streaming, com tracklists que incluem suas versões rádio e estendida.


Ouça abaixo:


No que depender dos últimos rumores, é esperado que o próximo single de “Chromatica” seja a parceria com o grupo Blackpink em “Sour Candy”, que teve um dos melhores desempenhos do disco nos streamings. Os fãs descobriram que a música ganhou uma página individual dedicada a ela no site oficial de Lady Gaga, assim como fazem com todos os singles para concentrarem as informações e links específicos para as canções em diferentes plataformas.

Crítica: Lady Gaga atinge novo auge com o impecável filme para “911”

Atenção: a crítica contém spoilers.

Eu conheci Lady Gaga em 2008, já com "Just Dance". Lembro que logo após a música tocar na rádio, o radialista falou "e essa é a música da americana Lady Gaga", e pensei "que diabos de nome artístico é esse". Continuei acompanhando os passos dela, mas para mim, àquela altura, ela era apenas mais uma cantora pop com vídeos dançantes. Foi quando assisti ao vídeo de "Paparazzi" que o jogo mudou. Ali estava uma visão artística que ninguém na indústria estava fazendo.

De "Bad Romance" a "G.U.Y.", vídeos icônicos são abundantes na carreira de Gaga, e ela surpreendeu ao lançar quase sem aviso o curta-metragem para "911", faixa do seu mais novo álbum, "Chromatica". Terceira música a receber um tratamento audiovisual, já havíamos dado uma passeada no universo criado na era com "Stupid Love" e "Rain On Me" com Ariana Grande. Falando em "Rain On Me", o clipe há pouco venceu quatro VMAs, sendo um dos mais premiados da ítalo-americana.

O que havia em comum com os dois primeiros clipes era a pegada sci-fi, com referências que iam de "Blade Runner" (1982)  a "Power Rangers" (1993-). "911", em contrapartida, mesmo dividindo a mesma base, vai para um caminho diferente. O próprio diretor escolhido reflete essa divergência: "911" foi dirigido por Tarsem Singh, diretor indiano famoso por suas composições visuais impecáveis, como em "Dublê de Anjo" (2006). O vídeo é aberto com um travelling por um deserto de areias branquíssimas; Gaga está caída ao redor de uma bicicleta destruída e romãs, sendo observada por uma figura toda de preto em um cavalo escuro como a noite. A figura a guia até um vilarejo, e a transição impecável entre a interlude "Chromatica II" e "911" quebra a atmosfera cinematográfica para entrarmos na mente dance de Gaga.


Aqui notamos o que mais amo na videografia de Gaga: "911" é como "Telephone", "Judas" e "Marry The Night", há um roteiro por trás, e não apenas execuções na tela do conceito da música - como "Stupid Love" ou "Poker Face". E isso era o que estava faltando na atual era, um vídeo verdadeiramente rico para colocar o público para pensar. E ela quebra a cabeça da plateia.

Caso você seja do mundinho cinéfilo, talvez pegue a referência principal para a fundamentação do clipe: o filme "A Cor de Romã" (1968) - e a dica é dada logo na primeira cena. O filme armênico conta a vida de um poeta, mas não da forma convencional, e sim por meio de metáforas poéticas. Lotado de composições visuais belíssimas, a Haus of Gaga (equipe criativa por trás de qualquer trabalho da artista) abraça o filme para unir ao conceito da canção. A romã, inclusive, é conhecida como a fruta da morte pela sua cor vermelho-sangue (e essa ideia é executada no filme).

O plot de "911" é bastante simplório, porém, a narrativa joga diversas ideias para mascarar e confundir quem assiste - e essa técnica é sensacional quando bem executada. Longas como "Boa Noite Mamãe" (2014) fazem o mesmo: criar uma atmosfera e composições que levam a mente do espectador para caminhos que não caiam tão fácil no desvendar da história. Quando pensamos em bons filmes, imaginamos logo histórias mirabolantes e inéditas, porém, muito há para ser realizado em histórias simples quando contadas de maneira criativa, o que "911" faz.


O que chama atenção de primeira no vídeo é o trato imagético: todas as cenas são fotografadas de maneira brilhante. Unindo com os figurinos coloridíssimos e a direção de arte - marca de Singh -, entramos naquele cenário de época que remete ao clipe de "Judas". Gaga é surpreendida com vários acontecimentos, desde um homem que bate sua cabeça incontrolavelmente e duas figuras que surgem do alto da construção - representando Maria (note a roupa inteiramente branca) e Jesus (em uma cena o ator tem correntes de espinhos ao redor dos braços). Um adento importante: mais uma vez a Gaga escala atores negros para interpretar figuras sacras - obrigado por tudo "Like A Prayer".

Entre coreografia e locações cheias de detalhes, Gaga começa a ascender para os céus com uma auréola, contudo, a figura de Jesus a puxa de volta para a terra - e na queda, por um segundo, vemos o rosto da cantora acordando em outro lugar. A cena é referência a um momento igual do filme "8½" (1963), clássico do cinema italiano de Federico Fellini. E, olha só, é um filme autobiográfico que se baseia nos sonhos do seu realizador.

Outra grande referência para "911" é o trabalho de Alejandro Jodorowsky, como "El Topo" (1970) e "A Montanha Sagrada" (1973), e o que esses dois têm em comum com "A Cor de Romã" e "8½"? Todos são obras surrealistas, e "911" não poderia ficar de fora. A música é sobre um antipsicótico que Gaga toma, e discorre sobre doenças mentais: "Continuo repetindo frases de auto ódio / Já ouvi o suficiente dessas vozes / Quase como se eu não tivesse escolha". Gaga, presa naquele cenário inóspito, é seguida sem descanso pelas figuras que a observam sem que ela consiga fazer muita coisa. O que a princípio parece uma perseguição maléfica fica clara como o oposto no plot twist do vídeo.

Tudo aquilo era uma alucinação de Gaga. Ela sofre um acidente enquanto andava de bicicleta e todas as pessoas do seu sonho são representações hiperbólicas das figuras do local: Jesus e Maria, por exemplo, são os paramédicos que salvam sua vida - representada magistralmente no momento em que o homem puxa Gaga de volta à terra quando ela ia em direção aos céus. Com a interlude "Chromatica III" ao fundo, a edição mostra todas as peças e o quebra-cabeças se encaixando de maneira garbosa. E, inclusive, há um painel pintado dentro da alucinação com todo o mistério - assim como "Midsommar: O Mal Não Espera a Noite" (2019) desenha todo seu roteiro na abertura da película.


E muito mais que uma evocação do inconsciente, o roteiro pincela discussões sociais muito importantes, como por exemplo os transeuntes que passavam no momento do acidente: eles estão tirando fotos como abutres. E enquanto uma mulher negra chora com um homem morto no seu colo sem a menor assistência, os bombeiros estão assistindo a um homem branco e rico que parece não ter sofrido um arranhão. Prioridades.

Quando saímos da beleza estranha da alucinação e voltamos à realidade, o choque é bastante grande. Não só pela reviravolta, mas pela mudança de atmosfera, e isso acontece por causa da atuação de Gaga. A atriz, indicada ao Oscar pelo papel em "Nasce Uma Estrela" (2018), entrega a melhor performance de sua carreira. A dor física e emocional do seu papel, que aparentemente causou o acidente por não tomar seu remédio, é avassaladora, exalando seu pesar através da tela quase documentalmente. Talvez por meio da música, que é uma carta aberta e corajosa da artista sobre meus próprios demônios, Gaga consiga transpirar a mensagem em sua atuação dolorosa.

E também demanda perspicácia usar uma música tão dançante e instrumentalmente alegre para um tema tão complexo, e o vídeo acompanha a impressão. Todos os figurinos coloridíssimos adoçam os olhos do quão sufocante é a situação de Gaga, que abre mão de um clipe com 15 dançarinos e cortes energéticos a fim de transformar seu trabalho em uma verdadeira experiência. "911" é comercial o suficiente para agarrar as massas ao ter um ato final explicativo, e é artisticamente no ponto para deixar de ser só mais um e criar unicidade - que no fim das contas é a essência seminal de Gaga.

12 anos depois da sua estreia, Gaga já é sinônimo de videografia extravagante, consolidando sua persona no panteão dos artistas lendários que invadiram a MTV, como Michael Jackson, Madonna, Missy Elliot e afins. No entanto, com "911", a vencedora do Oscar atinge um novo auge artístico e relembra plateias como ela é uma fonte inesgotável de criatividade, aspecto que cada dia mais parece escasso. Seja pelo nível de produção absurdo ou pela extrapolação do conceito da canção, "911" é um daqueles trabalhos que merecem ser chamados de geniais e que devem em nada na corrente do cinema folclórico, simbolista e surrealista. Ela é, e sempre foi, o momento.


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