O fim de uma série é sempre um momento de várias emoções, que podem variar a partir da escolha dos diretores e produtores envolvidos. No caso de "Orphan Black", que terminou em sua quinta temporada no último sábado (12), fomos surpreendidos com um final que concilia a adrenalina de todas as temporadas, mas também uma calma nunca vista antes no show. Apesar de ser uma das melhores produções da década, recebeu pouca atenção de premiações, e mesmo com milhares de fãs é possível que algumas pessoas nunca tenham dado a devida atenção. E quem ainda não a conhece pode estar se perguntando o que tem de tão bom. Vamos dar aqui os motivos pra fazer maratona de "Orphan Black", que está fácil no catálogo da Netflix.
A premissa do show tem como base a clonagem humana. Sarah (Tatiana Maslany), uma rebelde sem causa tem sua vida virada de cabeça pra baixo quando vê o suicídio de uma mulher que é exatamente igual a ela. Não parecida ou semelhante, mas como gêmeas. O ocorrido mexe muito com Sarah, e ela decide tomar o lugar de Beth Childs (Tatiana Maslany), para começar uma vida nova com sua filha Kira (Skyler Wexler) e seu irmão adotivo Félix (Jordam Gavaris). Mas essa troca de identidade não é tão simples, e quando percebe Sarah está em meio à uma conspiração envolvendo clonagem humana, e se depara com diversas outras clones suas (tem muitas espalhadas por aí). Daí em diante, a série toma forma com muito drama, violência, conspirações internacionais e questionamentos acerca da posse de propriedade privada, a ética científica e os interesses corporativos acima da sociedade.
Todas as clones são interpretadas por Maslany, que dá vida a um número sem fim de personagens. A atriz é um show à parte, e levou o merecido prêmio de Melhor Atriz em Série de Drama no Emmy em 2016. Cada clone, com uma história de vida diferente, criadas em outras culturas por pais adotivos (daí o Orphan) é vivida de maneira brilhante por Maslany. Ficou até clichê dizer isso, mas nem parece que é a mesma atriz para todos os personagens. Cosima, Alison e Helena, as irmãs clones de Sarah, são personagens extremamente bem construídas e complexas, e cada uma possui sua função no arco da história, como a inteligente que lida com questões científicas, o alívio cômico e a estranha sempre pronta pro combate, sem servirem de apoio apenas para a protagonista, pelo contrário, dividindo a atenção (e nossos corações) com Sarah.
Apesar de algumas “barrigas” ao longo das temporadas, principalmente entre a segunda e terceira, "Orphan Black" acerta o tom ao gerar reflexões super atuais, além de ser protagonizada por mulheres fortes que buscam sua independência. A conspiração que toma conta da vida das clones é tamanha que elas vivem observadas e inconscientes de sua situação. Quando acordam, declaram guerra em nome de sua liberdade. A cada temporada cavamos mais fundo nos mistérios que envolvem o caso, descobrindo novos vilões e camadas no estilo “quem manda mais”. Sem cair para a teoria cansativa, a série é bem preparada cientificamente e cheia de ação, mas os criadores do show Graeme Manson e John Fawcett fazem bem ao deixar o foco nas relações humanas que as clones são capazes de ter, como qualquer humano, que de fato elas são, apesar de subjugadas diversas vezes por instituições poderosas que mandam e desmandam em seus destinos. A mitologia entorno do tema clonagem humana não fica caricata ou desgastante, e sim cada vez mais interessante.
Outros destaques ficam para o irmão adotivo de Sarah, Felix, numa interpretação gostosa de Gavaris, que deixou muita gente com crush no ator por aí e Siobhan (Maria Doyle Kennedy), mãe adotiva de Sarah que tem uma relação difícil com a filha, mas nem por isso menos protetora. Ao longo das temporadas Sra. S, como é chamada, é um mistério em pessoa, ajudando à causa das clones das maneiras mais subversivas possíveis.
O final da série em sua quinta temporada foi emocionante, aprofundando relações e desvendando mistérios há tempos colocados. Se está pensando em começar uma série nova, "Orphan Black" é uma ótima pedida no gênero de ficção científica, sendo uma das melhores produções para a TV da década e com um final satisfatório.