A gente diria que os tempos hoje em dia estão loucos no que diz respeito às minorias. No caso do Brasil, por exemplo, os anos 2010 trouxeram um novo fôlego às militâncias: novas pautas, novos métodos de ação e mais empoderamento e alcance do que nunca, principalmente quando a gente fala das gerações mais novas, dos jovens nascidos na década de 1990. Podemos ter aguentado muita coisa calados, mas vimos que somos muitos, e que temos sim que exigir respeito e empatia.
Tá, mas você aí deve estar pensando: que diabos o It Pop está falando??w??w????ww? Acontece que isso tudo está muito ligado à cultura. E quando falamos cultura, abrangemos do nacional ao estrangeiro, do cinema à artes plásticas, e, claro da música. Em um década em que ganhamos discos como Born This Way, Lemonade, To Pimp A Butterfly, ou seja, álbuns de protesto e que ajudam o empoderamento de alguns grupos, o debate da arte como porta-voz de causas sociais aumenta. Afinal, a arte de massas não pode transmitir certas mensagens?
Há algumas semanas, o It Pop foi convidado para acompanhar a gravação do programa Ofício em Cena, da Globo News. Este ser que vos escreve foi quem representou o blog mais polêmico do Brasil, e é claro que, entre tantas coisas que foram debatidas, não poderíamos deixar de lado o que mais nos chamou a atenção: justamente esse papel da arte com uma pitada de militância.
O convidado da último programa desta temporada foi o autor e diretor Jorge Furtado, famoso por filmes como Saneamento Básico e O Homem que Copiava, conhecido pelas mensagens sociais. Falando mais de seu ofício, a arte, Furtado nos lembrou que tanto o teatro quando o cinema são artes coletivas, feitas por mais de uma pessoa, e sendo uma arte coletiva, facilmente conseguem agregar aspectos do mundo dito real. Afinal, como ele mesmo falou, a separação entre o real e a ficção é tênue. Pode reparar, gente, o que acontece nas séries, novelas e peças da vida são reflexo da nossa realidade, um mundo paralelo.
Ele também é uma das cabeças por trás do programa Mister Brau, que tem causado certo rebuliço pelas redes sociais por abordar questões como o racismo e o empoderamento negro de forma leve e descontraída, como quando Michele, personagem interpretada por Taís Araújo, dá uma aula sobre empoderamento negro e feminino a crianças em uma escola, quase uma Beyoncé na fase Lemonade. Furtado acha que deve haver um equilíbrio para que a "militância" e os valores que envolvem o respeito e a empatia não sejam tão explícitos que espantem o público, que ainda é, em geral, um tanto conservador.
Deu até pra lembrar de como era o humor predominante nos programas brasileiros. Lembra como o próprio Zorra Total era até dois, três anos atrás? Humor com o oprimido é coisa do passado, segundo o próprio Furtado. "O mundo tem que avançar", disse o diretor. E a dramaturgia pode ajudar. A gente assina embaixo, e emenda que não só a dramaturgia, como a música e todas as outras formas de arte também podem ter um quê de progressista. Que venham mais limonadas ácidas e mais roteiros contemplem não só os negros, como também mulheres e LGBTs. Amém?
Por último, mas não menos importante, se quiser conferir o programa na íntegra e acompanhar toda essa discussão sobre o ofício na arte, só ligar sua TV na Globo News hoje, dia 14, às 23h30 e viajar no debate!